O Lago de Furnas, no Sul de Minas Gerais, está fechando o mês de junho com 10 metros abaixo do normal, marca que somente foi atingida 13 anos atrás – ainda em 2001, ano que ficou marcado pelo chamado “apagão”. A situação da represa é sentida no turismo, agricultura, comércio, piscicultura e outros serviços.

continua após a publicidade

As usinas, que necessitam da água para a geração de energia, também acabam prejudicadas. Das quatro localizadas no Rio Grande, Marimbondo já opera com 20,2% da capacidade, enquanto a Usina de Água Vermelha está funcionando com apenas 16% de sua capacidade, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema).

A situação é preocupante quando se leva em conta que a pior parte da seca ainda nem começou, devendo chover quase nada na região nos próximos meses. Em junho de 2013 o lago estava seis metros acima do registrado agora e, ainda assim, foi considerado um ano extremamente seco.

O secretário executivo da Alago (Associação dos Municípios do Lago de Furnas), Fausto Costa, diz que o prejuízo é enorme para toda a região. Segundo ele, sempre se espera que as chuvas do início de ano encham o lago, mas isso não aconteceu neste primeiro semestre.

continua após a publicidade

Sem contar as usinas do Rio Grande, outras oito hidrelétricas também se utilizam diretamente das águas do lago que está cada vez mais escasso. Ele é útil ainda aos 34 municípios localizados às suas margens em Minas Gerais. Por isso mesmo, disputas têm sido constantes entre usinas, governo federal e prefeituras.

Perspectiva

continua após a publicidade

Presentes em audiência pública realizada em junho, em Brasília, empresários, vereadores, prefeitos e moradores de cidades no entorno do Lago de Furnas ouviram previsões sombrias para o futuro da região. Eles tentam fazer o governo recuar da ideia de liberar o reservatório da Usina Mascarenhas de Moraes, hoje operando com 73% de sua capacidade (o melhor nível de água do Sudeste).

A água da usina já deveria estar sendo liberada, mas uma liminar da Justiça vem impedindo que isso ocorra. Mas representantes do ONS e do Ministério das Minas e Energia defenderam a medida. Eles disseram que a seca histórica no Sudeste e no Nordeste do País força a divisão da água das usinas para não comprometer o SIN (Sistema Interligado Nacional).

Recorde

O secretário de Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia, Ildo Wilson Grudtner, alegou que as Usinas Mascarenhas de Moraes e de Furnas foram projetadas para armazenar água do período úmido para ser usada no período seco e que as usinas da Bacia do Rio Grande registraram nos quatro primeiros meses de 2014 a pior precipitação em 83 anos.

Hoje os rios respondem por 75% da capacidade de geração de energia do Brasil, mas entre janeiro e maio este porcentual caiu para 73% com as usinas térmicas – que custam bem mais – passando a operar na capacidade máxima para preservar as hidrelétricas.