O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, disse hoje que a tendência de alta dos juros básicos dos EUA poderá prejudicar economias emergentes que possuem amplas dívidas denominadas em dólar, citando como exemplo a crise da América Latina da década de 1980.

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Kuroda, que falou durante seminário, descreveu passivos em dólares como uma fragilidade que “não pode ser ignorada”, ao comparar os recentes aumentos de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e seu passado de aperto da política monetária.

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“Mencionar dívidas denominadas em dólar traz à mente a crise da dívida da década de 1980 na América Latina, que abalou o mundo”, afirmou Kuroda.

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Segundo o chefe do banco central japonês, a região latino-americana acabou enfrentando uma “deterioração da dinâmica da dívida” e deu calote em pagamentos a credores estrangeiros por causa de elevações de juros do Fed que levaram ao fortalecimento do dólar.

Kuroda ressaltou, porém, que muitas economias emergentes estão mais bem preparadas depois de tomarem medidas na esteira da crise latino-americana e também da crise financeira da Ásia, que estourou no fim da década de 1990.

“De qualquer forma, com o aumento da mobilidade do capital além das fronteiras e riscos geopolíticos cada vez mais complexos, devemos continuar a prestar atenção à questão da dívida denominada em dólar e dos descompassos cambiais em empresas de mercados emergentes”, disse Kuroda, que era uma autoridade sênior do Ministério de Finanças japonês na época da crise asiática.

Na visão de Kuroda, formuladores de política monetária precisam monitorar as economias emergentes a partir de duas perspectivas: o aumento do encargo com pagamento de juros e quedas nas moedas domésticas em relação ao dólar.

Kuroda também defendeu a globalização, “que ajudou a reduzir a pobreza e a aprimorar serviços financeiros em economias em desenvolvimento”. Antes de assumir o BoJ, em 2013, Kuroda foi presidente do Banco Asiático de Desenvolvimento. Fonte: Dow Jones Newswires.