Kroton aumenta oferta pela Estácio e se aproxima de fusão

Líder do ensino superior privado do País, a Kroton deu ontem uma cartada que promete pôr fim à disputa pela Estácio Participações. A empresa aumentou ontem a sua oferta pela rival, também alvo da Ser Educacional, e está mais próxima de consolidar uma gigante da educação, com 1,6 milhão de alunos e valor de mercado de quase R$ 30 bilhões. Se concretizado, o negócio é avaliado em R$ 5,5 bilhões.

Após uma reunião que se estendeu pela noite da quinta-feira, o Conselho de Administração da Estácio afirmou, em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na manhã de ontem, estar de acordo com os termos econômicos da nova proposta da Kroton, “desde que os demais termos da operação sejam estabelecidos de forma satisfatória”. O documento, que não especificou que termos seriam esses, solicitou ainda ao comitê formado para avaliação da proposta que negocie os demais aspectos com a Kroton.

Depois de diversas negativas de que elevaria sua aposta, a Kroton ofereceu uma relação de troca 1,281 ação da Kroton por papel da Estácio. A companhia propôs também a distribuição de dividendos extraordinários de R$ 170 milhões aos atuais acionistas da Estácio.

A oferta anterior, de 21 de junho, previa 1,28 ação da Kroton ON para cada papel da Estácio. Na proposta original, de 2 de junho, a relação era de 0,977. As ofertas anteriores não previam a distribuição de dividendos.

Conforme antecipado pelo Estado, o conselho da Estácio marcou uma nova reunião para 8 de julho, na qual deve apreciar “as condições da operação para posterior convocação de assembleia geral extraordinária”.

Cartas na mesa

Fontes próximas à negociação já dão como certa a fusão de Kroton e Estácio, a depender, é claro, das restrições condicionadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Questionada, a Estácio afirma, no entanto, que nenhuma oferta foi descartada. Segundo a companhia, todas as propostas – a da Ser Educacional e mesmo a da família Zaher, se concretizada – serão analisadas. Na semana passada, Chaim Zaher, maior acionista individual da Estácio, com 14,3%, e atual presidente da empresa, anunciou a intenção de comprar o controle da companhia, por meio do Clube de Investimentos TCA.

Fontes próximas à Ser Educacional afirmam que a empresa ainda avalia as alternativas a serem tomadas, que vão da retirada da proposta a movimentos contra a fusão das concorrentes no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) (ver box acima). Procuradas, Ser Educacional não comentou e a Kroton disse que se pronunciaria em fato relevante.

Diante da nova proposta e do posicionamento do Conselho da Estácio, o Credit Suisse afirmou em relatório que a Kroton se aproxima de fechar a operação mais “transformacional no setor de educação até aqui”. Os analistas do banco, Victor Schabbel e Bruno Zanotta, que assinam o documento, destacam que se o negócio for, de fato, fechado, o Cade terá até 330 dias para anunciar os potenciais remédios necessários para que a fusão possa ser realizada, o que pode fazer com que a transação leve cerca de um ano para se concretizar.

Gigante

A eventual união entre Kroton e Estácio criará uma empresa de quase R$ 30 bilhões em valor de mercado e que já estaria entre as 20 maiores do Ibovespa. Trata-se não apenas da maior empresa do setor de educação do Brasil, mas também do mundo. Com base no histórico e fusões desse setor, um analista afirmou, contudo, que a empresa resultante da eventual união das companhias pode ser menor do que sugerem os números atuais, já que o Cade poderá exigir uma venda significativa de ativos.

Juntas, o valor de mercado das empresas atingiria R$ 28,4 bilhões, o que colocaria a companhia como a 16ª maior do Ibovespa, discretamente à frente de JBS (R$ 27,2bilhões) e muito perto de CCR (R$ 29,7 bilhões).

A Kroton está presente em 638 municípios. A empresa oferece ensino presencial em 74 dessas cidades, onde possui câmpus, e chega a 635 municípios por meio do ensino a distância (EAD).

Já a carioca Estácio é formada por uma universidade, centros universitários, 36 faculdades e 170 polos de ensino à distância credenciados pelo MEC, com uma capilaridade nacional representada por 90 campi, nos principais centros urbanos de 22 estados brasileiros e no Distrito Federal.

A Kroton domina o mercado de EAD, com uma fatia de 45%, segundo os números do Ministério de Educação, de 2014. A Estácio detém cerca de 7% desse segmento. Unidas, portanto, teriam mais da metade do ensino a distância do País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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