Kraft inaugura indústria confiante no crescimento

A Kraft Foods Brasil concluiu ontem, com a inauguração de um complexo industrial na Cidade Industrial de Curitiba, um investimento de US$ 120 milhões em três indústrias que, numa área total de 237 mil metros quadrados, reúne uma fábrica de cream cheese, uma de chocolates e uma de bebidas em pó. “Acreditamos numa retomada da economia neste segundo semestre do ano, e consideramos que a paralisação sentida até agora era necessária para o combate à inflação”, disse o presidente para o Brasil, Gustavo Abelenda.

Segundo Abelenda, a Kraft Foods Brasil espera um crescimento, tanto em faturamento como em volume, este ano, dentro da média dos últimos três anos, de 10%. No ano passado, o faturamento do grupo de empresas, que inclui 11 fábricas (a maior delas inaugurada ontem no Paraná) e mais de 10 mil empregados, chegou a R$ 2,3 bilhões.

Para atingir os objetivos a empresa deve lançar, até o final do ano, pelo menos mais 100 novos produtos (alguns que estão hoje no portfólio serão retirados).

O Brasil representa 50% do mercado da Kraft na América Latina. Por isso mesmo, lembrou Abelenda, a expectativa pela recuperação da economia é positiva. Em todas as unidades do País, os investimentos da empresa já chegam a US$ 700 milhões na última década.Localizado na Cidade Industrial de Curitiba, o complexo industrial emprega 4 mil funcionários, mais de 80% deles em seu primeiro emprego e formados pela Universidade do Alimento, mantida pela Kraft Foods. No período de produção para a Páscoa, o total de funcionários sobe para 6 mil, com a contratação de força de trabalho temporária ao longo de seis meses.

Complexo

Além da fábrica de cream cheese, no complexo industrial inaugurado ontem com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, passam a operar de forma integrada no mesmo local, a segunda maior fábrica de bebidas em pó da Kraft em todo o mundo e centraliza, também, toda a produção de chocolates da Kraft num único espaço.

A Kraft Foods é a segunda maior empresa de alimentos e bebidas no mundo, com cerca de US$ 30 bilhões de faturamento em 2002. Está presente, hoje, em 150 países e empresa, no total, 110 mil funcionários, distribuídos por mais de 200 fábricas.

Lula diz que vai discutir prioridades

A vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Curitiba ontem frustrou a expectativa dos paranaenses, que esperavam o anúncio da transformação do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet/PR) em universidade. Lula chegou com quase duas horas de atraso na cerimônia de inauguração do complexo industrial da Kraft Foods Brasil, na Cidade Industrial de Curitiba. A chegada do presidente à fábrica de alimentos estava prevista para 15h, mas a solenidade só teve início às 17h10. Com cartazes e gritos de guerra, um grupo do Fórum Paranaense em Defesa da Previdência e Seguridade Social organizou uma manifestação contra a aprovação da PEC 40/03, que trata da reforma da Previdência, em frente à fábrica. Como Lula entrou por um acesso secundário, nos fundos da fábrica, não viu o protesto.

O presidente da República não falou com os jornalistas. Em seu discurso, explicou que o atraso foi motivado pelo recebimento do documento formulado por 2.170 entidades da sociedade civil com sugestões para o Plano Plurianual, discutidas em 27 fóruns estaduais. “Nesse plano (que será entregue ao Congresso até o final do mês) definimos não apenas o modelo de desenvolvimento que queremos para o Brasil nos próximos quatro anos, mas as prioridades de obras de infra-estrutura”, declarou, sem detalhar quais obras seriam.

Lula destacou que “a quantidade de obras paralisadas no País é um problema que temos que resolver com certa urgência”. Para evitar que os prazos de conclusão não sejam cumpridos por causa de embargos, ele prometeu discutir as obras com o Ministério do Meio Ambiente e Ministério Público antes da execução. Lula salientou também que a realização das obras prioritárias será discutida em conjunto com a sociedade.

“Esta é uma boa oportunidade para destacar a iniciativa das empresas que apostam no potencial de crescimento econômico do Brasil e, sobretudo, na retomada do desenvolvimento, na expansão do mercado interno, fortalecimento das exportações e qualidade da mão-de-obra dos trabalhadores brasileiros”, afirmou Lula.

Em seu discurso, o presidente citou que a indústria de alimentação cresceu 15,94% entre 99 e 2001, gerando 9,2% do PIB nacional e contribuindo com 17% das exportações. “Esse setor é uma importante alavanca dinamizadora do crescimento”, ressaltou, acrescentando que “competitividade hoje significa parceria”. “O desenvolvimento que nós buscamos é esse pacto de interesses, onde todos os protagonistas se reconhecem como patrocinadores do futuro”, enfatizou, citando como exemplo o Fome Zero, que tem o Estado como indutor, a participação social e a parceria da sociedade.

O governador Roberto Requião destacou a condição sanitária excepcional da indústria. “A Kraft é extraordinariamente bem vinda ao Paraná, é uma fábrica irrepreensível. Saúdo a empresa na condição de governador do Estado e de consumidor dos produtos que ela coloca no mercado.” Também participaram da solenidade a primeira-dama Marisa da Silva, a primeira-dama do Estado, Maristela Requião, e os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, e da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano. (Olavo Pesch)

Paraguai negocia Alca no Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu de Curitiba, ontem à noite, direto para Assunção, no Paraguai, onde participa, hoje, da solenidade de posse do novo presidente Nicanor Duarte Frutos. Porém, bem mais importante que o compromisso formal, será a negociação que fará com as autoridades paraguaias sobre as tratativas para o estabelecimento da Alca – a associação de livre comércio da América do Sul com os Estados Unidos.

Lula deve ouvir do governo Paraguaio que há disposição de manter-se afinado com o tom do Brasil de redução das ambições da Alca. A decisão deverá ser apresentada diretamente por Nicanor Duarte Frutos, logo depois de sua posse como presidente do país vizinho, durante uma reunião extraordinária de cúpula do Mercosul, Chile e Bolívia, em Assunção.

A ministra das Relações Exteriores, Leila Rachid Lichi, que assume hoje o cargo, antecipou que o Paraguai continuará a negociar a Alca como membro do Mercosul e que, nessa condição, manterá seu respaldo ao conceito dos “três trilhos” proposto pelo Brasil. Porém, ressalvou que, ao Paraguai, não interessa um boicote às negociações.

O afinamento de posições do novo governo paraguaio com a idéia do Brasil de desmembrar os temas em discussão na Alca, entretanto, não deverá ser gratuita. Na mesma reunião extraordinária do Mercosul, hoje, o Paraguai apresentará um documento com oito demandas de tratamento preferencial e diferenciado, sob o argumento de que se trata de uma economia ainda mais vulnerável que as do Brasil e da Argentina.

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