A Justiça mandou soltar três agentes fiscais de Rendas investigados por suposto envolvimento em esquema de fraudes fiscais de R$ 2,76 bilhões na área de processamento de soja, mas impôs a eles suspensão do exercício da função e os proibiu de frequentar a sede da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Walter José Guedes Junior, José Campizzi Busico e Sineval de Castilho estavam presos desde 9 de maio, quando foi deflagrada a Operação Yellow – força tarefa do Ministério Público Estadual e da Fazenda.

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A revogação da prisão preventiva dos fiscais foi determinada pelo juiz Benedito Antônio Okuno, da Vara Criminal de Bauru, município paulista onde fica situado o Grupo Sina, que seria o principal beneficiário da criação de créditos fictícios de ICMS.

No despacho, o juiz manteve a ordem de prisão dos empresários Nemr Abdul Massih e Simon Ferreira Abdul Massih, que estão foragidos. “Os réus foram informados da operação e se evadiram. Ainda não se apresentaram para justificar eventual motivo da fuga e eliminar a presunção de que vão fugir para evitar a aplicação da lei penal, deixando evidente que a intenção de responderem pelos atos praticados não é verdadeira.”

Os fiscais são acusados de corrupção passiva. Eles teriam exigido, segundo o Ministério Público, entre R$ 500 mil e R$ 900 mil de propina por auto de infração cancelado ou com valor reduzido. Ao soltar os fiscais, o juiz assinalou que a prisão foi decretada “em razão da facilidade e livre acesso que eles têm nos corredores da Fazenda Pública onde trabalhavam e, por certo, poderiam ocultar ou alterar documentos de interesse processual nas respectivas repartições públicas”.

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Para Benedito Okuno, “com o afastamento (dos fiscais) do trabalho e a proibição de frequentar as repartições, certamente eles não poderão alterar documentos ou interferir em algum pedido que a Justiça possa fazer à Fazenda”. Ao substituir a prisão por medidas cautelares, o juiz submeteu os fiscais a outras duas condições: proibição de manter contato com os demais réus e testemunhas de acusação e proibição de mudar de residência sem autorização judicial. “Com ele em liberdade teremos tranquilidade para provar sua inocência”, anotaram os criminalistas Roberto Podval e Luís Fernando Silveira Beraldo, defensores do fiscal Walter Guedes.

Podval e Beraldo ingressaram com pedido de revogação da prisão, alegando que Guedes foi “localizado em sua própria residência, tem bons antecedentes e não oferece nenhum risco à aplicação da lei penal”. “A decisão foi acertada porque é patente que não existe nos autos nenhum motivo que justifique a manutenção dos fiscais no cárcere”, ponderou o criminalista Adriano Salles Vanni, que defende o fiscal Sineval de Castilho. “Bastava o simples afastamento da função e foi o que o magistrado fez agora. Agiu de maneira acertada.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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