A decisão final para o impasse entre os funcionários da Volkswagen-Audi e a empresa, que já resulta em uma greve de 13 dias, deve ficar para a Justiça. Ontem, as negociações no Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) não avançaram e as partes concordaram em levar a greve a julgamento.

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Os empregados exigem uma reorganização da tabela salarial, ponto que a montadora, que ofereceu proposta de acordo semelhante às aceitas esta semana na Renault-Nissan e na Volvo, se recusa a negociar. A empresa já admite que as frequentes paralisações comprometem até futuros investimentos na região.

Pela última proposta da montadora, os funcionários receberiam um reajuste de 4,44%, referente à inflação dos últimos 12 meses, mais 3% de aumento real. Também foi oferecido um abono de R$ 2 mil. Mas a proposta não avançou porque o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) também quer negociar a grade salarial.

A intenção é que o plano de cargos e salários passe a ser equivalente ao aplicado na unidade da empresa em São Bernardo do Campo (SP), onde, segundo o sindicato, as promoções e aumentos acontecem mais rapidamente.

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A rejeição da última proposta de acordo pelos funcionários surpreendeu a direção da Volks-Audi. O gerente executivo de Recursos Humanos da empresa, Nilton Júnior, afirmou ontem a O Estado que as demandas do sindicato dos trabalhadores “fogem à realidade”.

Segundo ele, mesmo em São Bernardo do Campo e Taubaté (SP) as plantas mais antigas da empresa no País , as negociações mais recentes têm estabelecido tabelas com salários iniciais inferiores aos pagos em São José dos Pinhais. “E novas montadoras em outros estados também têm pago salários menores que os do Paraná”, informou.

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Júnior também ressaltou que a proposta de acordo apresentada pela empresa é melhor que outras oferecidas no setor, em outros locais do País. “Em algumas empresas, só houve correção da inflação”, lembrou, destacando o fato da proposta ter sido sugerida durante as negociações no TRT-PR, mediadas pelo desembargador e vice-presidente do Tribunal, Luiz Eduardo Gunther. O próprio SMC destacou, durante a semana, os acordos fechados nas outras duas grandes montadoras da região como os melhores do País no ano.

Flexibilidade

Para o executivo da Volks-Audi, as paralisações, que vêm acontecendo todos os anos em São José dos Pinhais, podem comprometer futuros investimentos da empresa na unidade.

“Qualquer gestão, para investir, depende de uma garantia razoável de estabilidade e flexibilidade”, explicou. Segundo Júnior, as seguidas greves não afetam o futuro da planta, mas certamente não contribuem para a abertura de novas oportunidades.

Agora, a ação de dissídio coletivo em greve deverá ser julgada por uma comissão de 13 desembargadores, em seção especial do TRT-PR, ainda não marcada. Enquanto isso, está correndo um prazo de cinco dias para manifestação do Sindicato dos Metalúrgicos.

Em seguida, a empresa, que é a autora do processo, deverá apresentar suas contra-razões. Depois, a ação segue para análise do Ministério Público do Trabalho para só então ser distribuída para julgamento.