As despesas do setor público com o pagamento de juros atingiram nos primeiros oito meses deste ano R$ 102,417 bilhões, ou 10,2% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso quer dizer que o governo federal, estados, municípios, Previdência, Banco Central e empresas estatais gastaram com juros 68,75% mais neste ano do que no mesmo período do ano passado (R$ 60,689 bilhões, ou 7,17% do PIB).

As despesas com juros neste ano também correspondem a pouco mais de 60 vezes o orçamento deste ano do programa Fome Zero (R$ 1,7 bilhão), principal bandeira social do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

O crescimento das despesas com juros foi provocado, basicamente, pela política de juros altos adotada pelo Banco Central para conter a inflação.

No período, os juros pagos pelo governo para os investidores aceitarem ficar com seus títulos chegaram a atingir um teto de 26,5% ao ano.

Se por um lado essa politica conseguiu conter o consumo e controlar a inflação, por outro nem o aperto nos gastos promovido pelo governo federal ? que fixou uma meta de superávit primário (receitas menos despesas, sem os gastos com pagamento de juros) de 4,25% do PIB ? será suficiente para evitar o crescimento da dívida pública.

Aperto

Neste ano, o governo cortou gastos em todos os setores e, com isso, conseguiu acumular até agosto um superávit primário de R$ 49,293 bilhões.

No entanto, como o pagamento de juros atingiu R$ 102,417 bilhões no mesmo período, o superávit, além de reduzir investimentos sociais em infra-estrutura, evaporou e não impediu que o país registrasse um déficit nominal de R$ 53,125 bilhões (5,29% do PIB) no acumulado do ano.

Tendência de melhora

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, reconhece que o crescimento das despesas com juros reflete o nível da taxa de juros desse ano. No entanto, ele prevê que a situação melhor nos próximos meses devido aos quatro cortes seguidos promovidos pelo BC na taxa básica de juros da economia brasileira.

Segundo ele, a trajetória de queda dos juros vem se refletindo na redução dos pagamentos de juros nominais mês a mês. Em julho, essas despesas somaram R$ 14,992 bilhões e, em agosto, elas totalizaram R$ 13,160 bilhões.

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