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Juros fecham entre estabilidade e viés de alta, com Previdência e câmbio

O mercado de juros operou sob a influência de forças opostas durante toda a quarta-feira, o que limitou as oscilações, com as taxas ora perto dos ajustes ora mostrando viés de alta. De um lado, esteve a piora da percepção de risco fiscal causada pela tramitação mais difícil do que a esperada da reforma da Previdência no Senado, que foi aprovada, mas com perda de economia em dez anos de R$ 76,4 bilhões. De outro, o dólar e os juros dos Treasuries em baixa pressionando a curva para baixo, apesar do clima de aversão ao risco imposto pelo aumento das preocupações com a desaceleração da economia global.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 terminou a sessão regular em 4,950%, de 4,959% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 6,041% para 6,05%. O DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,67%, de 6,641%.

“Se o câmbio não estivesse tão bem comportado, o DI teria certamente estressado mais”, afirma a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patricia Pereira. Segundo ela, pela manhã o clima era mais tenso, com o mercado ainda digerindo a derrota do governo na terça que trouxe incertezas sobre se os demais destaques seriam mesmo votados nesta quarta para a conclusão do processo. “De manhã, estava com ‘cara’ de que os senadores iam deixar para outro dia, com muita confusão sobre os destaques. Ao longo do dia, os ânimos foram sendo pacificados”, avaliou.

O Senado concluiu a votação da reforma pouco antes das 16h, derrubando mudanças que poderiam desidratar a proposta em até R$ 283 bilhões, segundo cálculos do governo obtidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Todas foram rejeitadas ou até mesmo retiradas pelos autores antes da votação. De todo modo, o potencial de economia vem caindo a cada instância. No texto aprovado pela Câmara, o valor era de R$ 933 bilhões, caiu para R$ 870 bilhões na proposta aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e, após o primeiro turno no plenário do Senado o potencial de economia está em R$ 800,3 bilhões.

Pelo cronograma acertado com os líderes, a votação em segundo turno seria feita em 10 de outubro. Mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que, sem quebra de interstício, a votação do 2º turno poderá ser adiada em uma semana.

No exterior, o ambiente é de pessimismo sobre a economia global, após mais um dado frustrante da economia americana, incertezas com o Brexit, e a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) de que os EUA podem retaliar a União Europeia em US$ 7,496 bilhões anualmente por subsídios dados pelo bloco à Airbus. Esse quadro trouxe nova onda de queda para o rendimento dos Treasuries e pressão generalizada para o dólar, reforçando as apostas de mais afrouxamento monetário por parte do Federal Reserve.

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