economia

Juros fecham em baixa pela 3ª sessão seguida

Os juros futuros alternaram altas e baixas ao longo desta quinta-feira, sem se distanciarem dos ajustes de quarta, mas o viés de queda acabou prevalecendo no fechamento da sessão regular. Desse modo, as taxas completaram o terceiro dia consecutivo de queda, ainda que nesta quinta num ritmo menor do que nas últimas duas sessões. A despeito de o dólar ter passado boa parte da quinta-feira abaixo dos R$ 4,10, o forte avanço no rendimento dos Treasuries acabou por limitar a correlação das taxas com o câmbio, além do leilão de prefixados do Tesouro com volume maior do que na semana passada e com forte demanda.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou na mínima de 5,39%, de 5,419% quarta no ajuste, e o DI para janeiro de 2023 encerrou a 6,43%, de 6,461% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 6,991% para 6,98%.

No fim da etapa regular, as taxas curtas, que refletem mais diretamente as apostas para a política monetária nos próximos meses, foram para as mínimas, o que pode estar relacionado a apostas para o IPCA de agosto que sai nesta sexta-feira. A previsão é de desaceleração importante com relação aos 0,19% de julho. Pesquisa do Projeções Broadcast aponta intervalo das estimativas entre 0,07% e 0,24%, com mediana de 0,10%, com núcleos e outros preços de abertura bem comportados.

Na precificação da curva a termo, a possibilidade de corte de 0,5 ponto porcentual da atual Selic de 6% no Copom de setembro avançou para perto de 85%, ante cerca de 80% na quarta. Em contrapartida, a chance de uma queda de 0,25 ponto perdeu mais espaço e está em 15%.

Pela manhã, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, lembrou, durante participação em evento em Brasília, que tem ocorrido um movimento de revisão, para baixo, do crescimento das principais economias do mundo. “As curvas de juros estão precificando queda de juros em todas as economias e isso tem se acentuado nas últimas semanas”, comentou. Reafirmou ainda que a inflação, no Brasil, está sob controle, “bastante ancorada no curto, no médio e no longo prazo”.

Apesar de algum alívio nos prêmios, as taxas se moveram sem tendência firme ao longo da sessão “Tivemos o rendimento dos Treasuries subindo bem, com a diferença entre as T-Notes (2 e 10 anos) abrindo mais. É a explicação mais plausível para explicar por que o DI não seguiu tanto o dólar”, disse o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno. Perto das 17h, o yield da T-Note de dez anos estava em 1,565% (1,46% ontem) e o da de 2 anos, em 1,536% (1,42% quarta). A escalada do retorno dos Treasuries reflete aumento no apetite por ativos de risco, por sua vez relacionado à retomada do diálogo entre a China e os Estados Unidos em direção a um acordo comercial, indicadores econômicos nos Estados Unidos acima do esperado e à melhora na percepção de um Brexit com acordo. As taxas futuras, porém, além de terem caído bem nos últimos dias, estão com pouco prêmio, a despeito da forte correção vista na semana passada. “Na renda fixa, estamos disputando migalhas, as oportunidades hoje são muito menores”, disse Nepomuceno.

As máximas do dia foram atingidas em meio ao leilão de prefixados do Tesouro, que foi bastante demandado, o que pode ser visto tanto no volume quanto nas taxas. O Tesouro vendeu integralmente a oferta de 4 milhões de LTN e de 2,5 milhões de NTN-F. Na semana passada, as ofertas foram de 3 milhões e 600 mil respectivamente. Outro termômetro do pulso da demanda foi o fato de boa parte das taxas terem saído com diferencial negativo ante os DIs equivalentes, caso NTN-F 1/1/2029, cuja taxa média foi de 7,3499% ante 7,58% do DI de mesmo vencimento.

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