A curva de juros encerrou a semana com forte alívio nos prêmios de risco, hoje proporcionado pela leitura benigna da abertura do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro e pela queda do dólar, que fechou abaixo de R$ 4,15. Esses fatores favoráveis à inflação se somam à melhora da confiança trazida pelos indicadores de atividade divulgados os últimos dias (PIB e produção industrial), formando um cenário atrativo para os aplicadores em juros. Com isso, as apostas na queda de 0,50 ponto porcentual da Selic na próxima semana, que vinham sofrendo um certo abalo nas últimas semanas, vão se consolidando.
As principais taxas fecharam a sessão regular nas mínimas. Em dia de IPCA, destaque para os contratos de curto e médio prazos, que caíram mais do que os longos e com volume expressivo. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) encerrou a sessão regular com taxa de 4,60%, menor nível desde 13 de novembro (4,57%), e a 4,61% a estendida. Na semana, devolveu 10 pontos-base. A taxa do DI para janeiro de 2023 recuou de 5,851% ontem para 5,72% (regular) e 5,73% (estendida) e a do DI para janeiro de 2025 para 6,35% (regular) e 6,36% (estendida), ante 6,441% ontem. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 6,70% (regular) e 6,69% (estendida), de 6,771%. Estes vencimentos tiveram alívio em torno de 15 pontos-base na semana.
A sexta-feira foi marcada por um movimento de recomposição mais consistente das apostas de que o Copom deverá mesmo reduzir a Selic a 4,5% na reunião de dezembro, que já aparecia nos últimos dias, mas hoje ganhou fôlego com o IPCA. Apesar de ter subido 0,51%, acima da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 0,47%, os preços de abertura, em especial os núcleos do indicador, foram considerados “tranquilos”, o que manteria o espaço para que o Copom confirme a sinalização de mais uma queda de 0,50 ponto porcentual na Selic na semana que vem.
Na curva a termo, a precificação de corte de 0,50 ponto no Copom de dezembro, que nos últimos dias girava em torno de 80%, hoje acelerou para 85%, ante 15% de chance de queda de 0,25 ponto. Para fevereiro, no entanto, o mercado mostra resistência em avançar nas apostas de mais uma redução e a curva segue apontando em torno de 55% de possibilidade de Selic estável, contra 45% de probabilidade de baixa de 0,25 ponto. Os cálculos foram fornecidos pelo Haitong Banco de Investimento.
O dólar também traz alívio para o cenário inflacionário. Mesmo contida a expectativa de repasse cambial aos preços em função da abertura do hiato do produto, alguns preços como combustíveis e passagem aérea acabam sofrendo. Além disso, a cotações são parte importante dos modelos de inflação do Banco Central.