O movimento de queda exibido pelos juros futuros de manhã nesta terça-feira ganhou força à tarde e as taxas voltaram a renovar marcas históricas em boa parte dos contratos no fechamento da sessão regular. A ampliação do recuo teve influência de fatores externos e internos. Lá fora, o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou para aumento no balanço da instituição e mostrou preocupação com a inflação nos Estados Unidos abaixo da meta. No Brasil, os investidores tentaram no fim do dia se antecipar a um número favorável do IPCA de setembro, que será divulgado quarta cedo. Além disso, houve melhora na perspectiva em torno de um acordo para a divisão dos recursos do leilão do pré-sal, que pode abrir caminho para a aprovação da reforma da Previdência no Senado em segundo turno sem maiores desidratações.
Após ensaiar nos últimos dias, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 finalmente fechou pela primeira vez abaixo dos 5%, em 4,987%, de 5,003% no ajuste. Este é o DI que melhor reflete as apostas para as reuniões do Copom este ano. O miolo da curva também teve fechamento de taxas, refletindo grande otimismo para o cenário de preços no curto e médio prazos. A taxa do DI janeiro de 2021 fechou em 4,82%, de 4,878% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 terminou a 5,97%, de 6,021%. Nos longos, o DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 6,61%, de 6,641%.
Na reta final da sessão regular, a movimentação em torno do IPCA de setembro que o IBGE divulga nesta quarta-feira às 9 horas cresceu, diante da possibilidade de um número mais baixo do que o esperado. Pela Pesquisa do Projeções Broadcast, as estimativas para o dado mensal estão entre -0,04% e +0,18%, com mediana de +0,02%.
Pelo lado fiscal, há otimismo em torno de um entendimento sobre a divisão dos recursos da cessão onerosa, cujo impasse ajudou a adiar a votação da reforma da Previdência na semana passada. O líder do governo no Senado, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que ainda nesta terça o projeto de lei deverá estar pronto.
A contribuição do cenário internacional veio da fala de Powell, que disse ter “chegado a hora” de a instituição começar a aumentar o seu balanço de ativos para manter “um nível apropriado” de suprimento de reservas ao sistema bancário e também que o Fed vai agir com “operações temporárias se necessário para cultivar os negócios no mercado de federal funds em taxas dentro da faixa da meta”. A leitura do mercado é de uma postura dovish em relação às condições de liquidez e níveis de juros, que devem favorecer as economias emergentes.