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Juros fecham em alta, com avanço do dólar e alerta do TCU sobre meta fiscal

Os juros futuros de médio e longo prazos ampliaram à tarde o viés de alta com que haviam encerrado a manhã desta sexta-feira, enquanto as taxas curtas, que operavam perto da estabilidade, passaram a subir, todas renovando máximas na última hora da sessão regular. O movimento se deu em linha com a piora dos demais ativos, em especial o dólar, que se firmou em terreno positivo, em meio ainda a um alerta feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao governo para o risco de descumprimento da meta fiscal neste ano. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 5,38%, de 5,338% quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 6,391% para 6,49%. A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou em 7,07%, de 6,951%.

A sexta-feira se desenrolava sem grandes destaques até o meio da tarde, com as taxas oscilando entre a estabilidade e um viés de alta determinado pelo cenário externo, onde os juros dos Treasuries tinham avanço consistente, mas com a liquidez dos DIs limitada pelo compasso de espera pelos eventos da próxima semana. Os investidores evitaram montar grandes posições antes das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos na quarta-feira.

Porém, na reta final da sessão regular, houve um sprint em toda a curva termo, atribuído ao aumento da pressão no câmbio e ao desconforto com a área fiscal, após a notícia publicada pelo Broadcast sobre o alerta do TCU. A corte chama a atenção para o risco de descumprimento da meta que permite déficit de até R$ 139 bilhões neste ano.

A maior preocupação é com os recursos que estão previstos para entrar nos cofres do governo a partir de dois leilões de concessão de áreas de petróleo já programados para o fim do ano, cuja outorga, de R$ 8,35 bilhões, já está contabilizada no Orçamento, mas o dinheiro ainda não entrou nas contas. O maior problema, segundo o TCU, é que o ingresso destes recursos está previsto para 27 de dezembro, apenas quatro dias antes do término do exercício. Ou seja, se o dinheiro não entrar no caixa, a equipe econômica não terá tempo para reagir e compensar a frustração nas receitas.

Para Jefferson Lima, gerente da Mesa de Juros da CM Capital Markets, o aviso potencializa o viés negativo trazido pela discussão em torno da flexibilização do teto dos gastos e as preocupações com um possível shutdown da administração. “Com a frustração da volta da CPMF, a área econômica precisa encontrar outra forma para liberar recursos. A máquina pública está praticamente parada, vivendo de doses homeopáticas de recursos que são liberados pela Economia”, disse, lembrando que, embora Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sejam contra a flexibilização do teto, “o lobby a favor está aumentando”.

Com a política fiscal asfixiada, resta a política monetária como a tábua de salvação para acelerar o crescimento, o que faz o mercado acreditar que a Selic possa cair a 5% ou até menos. Grandes instituições, como o Bradesco, já projetam juro básico abaixo de 5% no fim do ciclo. Nesta quinta foi a vez do Santander de informar que reviu sua estimativa de 5,25% para 4,50% no fim de 2019.

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