O mercado de juros fez nesta segunda-feira 24, uma pausa no forte movimento de queda registrado na sexta-feira e as taxas fecharam perto dos ajustes anteriores, com viés de alta na maioria dos vencimentos. O mercado ensaiou realização de lucros enquanto espera pelos eventos e indicadores da semana, monitorando o noticiário em torno da reforma da Previdência e, no exterior, as relações entre Estados Unidos e Irã antes da reunião do G20.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 passou de 5,849% no ajuste da sexta-feira para 5,86% e a do DI para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 6,69%, de 6,670% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 7,201% para 7,23%.
O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, lembra que a agenda foi relativamente fraca, tanto aqui quanto no exterior, e com os eventos e indicadores previstos para os próximos dias, “os mercados domésticos ficaram à espera de um ‘trigger'”. “A curva fechou muito nas últimas semanas, então há espaço para corrigir um pouco na medida em que não tem hoje (segunda) nada que justifique a continuidade do movimento de sexta-feira”, disse. A pouca disposição para os negócios se traduziu num volume mais fraco de contratos negociados.
A maior expectativa é pela votação do relatório da reforma da Previdência na comissão especial na Câmara, prevista para quinta-feira. Com isso, segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, é possível que a reforma seja votada no plenário da Câmara já na próxima semana, antes do recesso parlamentar.
De um lado há otimismo com a Previdência, mas de outro pessimismo sobre a atividade, visto como fator-chave a limitar uma realização de lucros mais forte no mercado de juros, dada a avaliação de que nesse cenário um afrouxamento da política monetária será inevitável. Resta saber quando começa e qual será o orçamento total. Na curva a termo, a precificação de Selic para o Copom de julho já é de -20,4 pontos, de acordo com a Quantitas Asset, ou seja 82% de chance de queda de 25 pontos-base. Para o fim do ano, já supera 100 pontos-base. Sobre o início, a leitura do comunicado do Copom sugere que o ciclo começa assim que aprovada a reforma.
No Boletim Focus desta segunda-feira, a mediana para o PIB em 2019 voltou a cair, de 0,93% para 0,87%. E o subsecretário de Política Fiscal da Secretaria de Política Econômica, Marco Cavalcanti, admitiu que o governo vai reduzir a estimativa oficial para o crescimento neste ano para um número mais próximo do projetado pelo mercado. A última previsão oficial, utilizada como parâmetro para as revisões orçamentárias, de 1,6%, foi divulgada em maio.