São Paulo
– O recente aumento dos juros anunciado pelo governo foi um balde de água fria na indústria automobilística, que esperava uma recuperação nas vendas no último trimestre do ano. Ainda assim, o setor continua apostando em uma leve recuperação em 2003 ou pelo menos em um empate com os resultados deste ano, quando a produção deverá ficar próxima a 1,8 milhão de veículos, praticamente o mesmo volume de 2001.Com a desaceleração do mercado interno, as montadoras vão intensificar as negociações para ampliar as vendas externas. Uma das primeiras medidas que o setor pretende encaminhar ao novo governo, a ser eleito no domingo, é um pedido de abertura de linha especial de financiamento por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as exportações de automóveis. Atualmente já há programas de incentivo para caminhões e ônibus. A indústria se apega ao fato de os dois candidatos que disputam a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) terem mencionado em seus programas de governo que vão incentivar as exportações.
China e Europa são as grandes novas portas de entrada para os carros brasileiros. Na próxima semana, uma missão de executivos das montadoras estará em Pequim para se encontrar, pela primeira vez, com representantes das fabricantes locais a fim de traçar as primeiras etapas de um acordo bilateral. A China ainda não tem acordo automotivo com nenhum país e já optou por não negociar com os três grandes fabricantes mundiais: Japão Estados Unidos e Europa.
“Essa é a nossa grande chance de ampliar as vendas para esse mercado, que vem dobrando suas importações a cada ano. Ou colocamos nossa bandeira lá ou o México colocará”, diz a diretora de Assuntos Governamentais da Volkswagen e vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Elizabeth de Carvalhaes. Como o México tem 94% de suas vendas externas voltadas para os Estados Unidos, ela aposta que as chances do Brasil são mais concretas.
