Os efeitos de uma eventual recessão na economia americana podem ser absorvidos pelo Brasil, sem afetar significativamente a trajetória de crescimento do Produto Interno Bruto(PIB), a soma das riquezas produzidas no país.
Para o Doutor em Administração Pública da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Belmiro Valverde, o fluxo de moeda estrangeira no Brasil deve manter-se elevado, estimulado pelas altas taxas de juros e câmbio favorável.
Estamos em situação confortável de liquidez com ingresso de moeda estrangeira, disse Valverde Agência Brasil ao lembrar o volume de US$ 200 bilhões de reservas internacionais.
Ele acha que o Banco Central deveria até mesmo aproveitar o momento para melhorar o perfil do capital que entra no país e estimular as aplicações de longo prazo, como o investimento direito na atividade produtiva (infra-estrutura), e penalizar as aplicações de curto prazo na compra de papéis do Tesouro Nacional e de ações na bolsa.
A economia brasileira pode sofrer algum reflexo com uma eventual queda nos preços das commoditeis (aço, soja, milho, laranja) no mercado externo, mais seria compensado pelo aquecimento do consumo interno.
É uma tolice imaginar que a exemplo dos Estados Unidos nós teríamos uma crise no sistema financeiro devido ao aumento do crédito disse Valverde. É que no Brasil, pelas regras atuais de supervisão bancária, um banco que opera com crédito consignado ou financiamento de automóveis só pode comercializar as operações uma vez para terceiros, bem diferente das operações derivativas feitas pelo financeiro americano.
A atual taxas de juros praticadas pelo Banco Central, de 11,25% ao ano, na comercialização de títulos públicos, com os bancos, e o comportamento do câmbio continuam atraindo um volume considerável de capitais externos pela rentabilidade que oferece ao aplicador estrangeiro.
Um investidor estrangeiro que aplicou U$ 1 milhão há um ano no Brasil, quando o dólar valia R$ 2, poderá levar embora sua aplicação hoje com taxa de R$ 1,724. Ou seja: apenas na operação de troca de moeda teve um ganho de 16% mais a remuneração dos juros. O atual patamar da taxa de câmbio ajuda, ainda, a controlar a inflação.