A alta dos juros está desacelerando o crescimento das vendas no comércio varejista. Em nível nacional, elas cresceram 1,1% em agosto na comparação com julho, e 9,8% em relação a agosto do ano passado – abaixo do índice de 11,3% registrado no mês anterior.

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No Paraná, o desempenho ficou abaixo do nacional, com crescimento de 9,5% na comparação com agosto de 2007; em julho, a alta havia sido um pouco maior, de 9,7%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o técnico da coordenação de comércio e serviços do IBGE, Nilo Lopes, ainda que tenha mantido o ritmo de expansão das vendas em nível elevado em agosto, o varejo mostrou desaceleração dos resultados na maior parte das atividades pesquisadas.

O motivo, segundo ele, é uma cautela maior das empresas em conceder financiamento aos consumidores, já na iminência da crise, que se agravou em setembro.

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“Houve uma certa precaução que se refletiu no aumento dos juros para pessoa física e em maior seletividade para concessão de crédito”, disse Lopes. “Com alguma restrição na concessão de crédito, as atividades mais vinculadas ao crédito, como material de construção, eletrodomésticos e automóveis sofrem impactos imediatos”, completou.

No Paraná, todos os setores pesquisados tiveram aumento nas vendas em agosto na comparação com igual mês do ano passado, com destaque para o segmento de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com crescimento de 190,6% – bem acima da média nacional de 33,7%.

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Outros destaques foram livros, jornais e revistas, com alta de 24,7%, outros artigos de uso pessoal e doméstico (variação de 23,1%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (10,5%), combustíveis e lubrificantes (9%), móveis e eletrodomésticos (7,9%), tecidos, vestuário e calçados (4,9%) e hiper e supermercados (4,7%).

No comércio varejista ampliado, que inclui os setores de veículos e de material de construção, as vendas do Paraná cresceram 10% – acima da média nacional, que ficou em 7%.

O bom desempenho foi puxado por veículos, motocicletas, partes e peças, com crescimento de 13,5%; já o setor material de construção apresentou queda de 3,1% – ao contrário da média do país, onde as vendas cresceram 2,4%.

Desaceleração

Em nível nacional, as vendas de móveis e eletrodomésticos aumentaram 1% em agosto em relação a julho e 13,1% ante igual mês do ano passado. Em julho, os resultados para essa atividade haviam sido, respectivamente, de 1,3% e 19,7%.

No caso de material de construção, a variação nas vendas passou de 1,1% em agosto para -1,6% em setembro e, em relação a igual mês do ano passado, de 19,3% para 2,4%.

As vendas de automóveis, por sua vez, passaram de uma variação de 0,6% em julho para -3,7% em setembro e, ante igual mês do ano passado, de 24,8% para 2,9%.

Segundo o técnico do IBGE, além do aperto no crédito, esses segmentos foram afetados também por uma “acomodação” em resultados muito fortes apurados em meses anteriores.

Usando dados do Banco Central, Lopes justifica a avaliação do impacto dos juros ao consumidor nas vendas no varejo: a taxa de juros anual para aquisição de bens, exceto veículos, passou de 56,69% em junho para 57,89% em julho e 59,15% em agosto.

No caso de veículos, os juros anuais subiram de 31,09% em junho para 33,34% em agosto. No que diz respeito ao empréstimo pessoal, os juros cresceram de 51,39% em junho para 54,49% em agosto.