O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, prevê que o Banco Central volte a reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) até o final deste ano. Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, ele também defendeu o estabelecimento de metas de inflação agressivas até 2007.

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?O cenário é que a política de juros se tornará menos restritiva este ano?, disse Palocci ao ?FT?. Segundo o ministro, a previsão do governo é de que os juros deverão cair neste ano.

O diário britânico lembra que representantes trabalhistas e da indústria brasileira temem que o aumento de juros nos últimos meses tenha ameaçado o crescimento econômico, mas pouco feito para desacelerar a inflação. O jornal mostra que os preços no atacado caíram 0,4% em maio, mas os preços no varejo subiram 0,9%, segundo indicadores da Fundação Getúlio Vargas.

Para o ministro, o pior da inflação talvez tenha passado. ?A política monetária está tendo um efeito, está fazendo seu trabalho?, disse.

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Palocci declarou que a expansão do crédito contribuiu inicialmente para pressionar a política monetária, ?mas em médio e longo prazos é boa para a economia?. Garantir acesso ao crédito de baixo custo é ?um processo saudável? e foi uma política-chave para a igualdade social, afirmou Palocci ao ?FT?.

O ministro disse ainda que o governo não deve reduzir as metas de inflação para 2007 dos atuais 4,5% ao ano, mas não ?antecipará? sua decisão. Para ele, não há uma ?perspectiva a priori? de aumentar os níveis de tolerância para a inflação anual, dos atuais 2% para 2,5% acima e abaixo da meta central, como sugeriram economistas do PT. ?Eu não gosto da idéia?, declarou.

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?Não me identifico com os que acreditam que um pouco mais de inflação traz um pouco mais de crescimento. No caso do Brasil, essa teoria já se mostrou errada e não estou preparado para experimentá-la novamente?, garantiu ao diário britânico.

Governo rejeita barreiras argentinas

O governo brasileiro não irá aceitar o sistema de salvaguardas (barreiras comerciais) defendido pela Argentina contra os produtos brasileiros, disse o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, aos diários portenhos La Nación e Clarín. ?Acreditamos que os setores produtivos do Brasil e da Argentina podem realizar acordos. Sugerimos ao governo argentino que não utilizemos mecanismos de salvaguardas porque esse instrumento vai no sentido contrário do aprofundamento do Mercosul?, declarou Palocci.

Contrariando o que foi divulgado pela imprensa argentina na semana passada, o ministro acrescentou que seu colega argentino, Roberto Lavagna, não entregou nenhuma proposta de salvaguardas por escrito no encontro que tiveram durante a Cúpula América do Sul-Países Árabes, ocorrida em Brasília.

Diplomático, o ministro Palocci disse, no entanto, que não se opõe a que as salvaguardas sejam sugeridas em uma nova proposta. ?Claro que não vetamos que as salvaguardas sejam sugeridas em uma nova proposta. O ministro Lavagna, como eu, não trabalha com vetos?, afirmou.

Lavagna apenas lembrou os detalhes da proposta feita em setembro do ano passado e disse que haverá uma segunda, segundo Palocci.

A Argentina tem defendido que o mecanismo de salvaguardas pode ser usado mais amplamente sempre que a indústria de um dos países se sentir ameaçada pela entrada de importações. Para o presidente Néstor Kirchner, o ?establishment? (classe dominante) paulista terá o monopólio da indústria na América do Sul se não houver medidas que ajudem a equilibrar o comércio.

Para o ministro brasileiro, entretanto, as dificuldades devido à competitividade e à concorrência existem para empresários tanto brasileiros quanto argentinos. Segundo ele, os produtos importados ?não necessariamente impedem o processo de industrialização?. ?Nós, com um chip que importamos da China, fabricamos e exportamos celulares para o mundo.?

Palocci disse que ?os empresários brasileiros do vinho, do arroz, da cebola, do trigo fazem a mesma reclamação que os empresários argentinos. O problema existe nos dois lados?.

O ministro revelou que, com a renegociação realizada pelo governo argentino de sua dívida, a quantidade de investimentos na Argentina irá melhorar. ?A Argentina fez uma operação de êxito e o ministro Lavagna pode mostrar um superávit sólido nas contas públicas.?