Juros consomem 29% da renda

São Paulo

  – Os juros são o grande vilão do orçamento doméstico do consumidor, revela pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) para identificar os gastos mensais dos consumidores. De acordo com o estudo, os encargos financeiros, na média geral, engolem 29,83% do orçamento doméstico. Ou seja, de cada R$ 100,00 gastos mensalmente, R$ 29,83 são utilizados para pagar juros de crediários, cartão de crédito e cheque especial.

O estudo, que foi realizado com 3.477 consumidores de São Paulo em julho e agosto, mostra que nenhum outro gasto pesa tanto no bolso do consumidor quanto as despesas financeiras. Segundo a Anefac, dos gastos mensais dos consumidores, 24,61% são destinados à habitação, com pagamento de aluguéis, prestação da casa própria e impostos. A alimentação corresponde a 22,82% das despesas mensais. As tarifas públicas representam 4,53% dos gastos do orçamento familiar mensal.

Outra revelação importante da pesquisa foi que, quanto menor a renda do consumidor, maior o nível de endividamento. A Anefac dividiu os consumidores em cinco faixas de renda. De acordo com Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, isso é reflexo da má utilização do crédito. “Os mais pobres têm um nível de endividamento maior porque, além de precisar parcelar mais os pagamentos, não fazem a pesquisa correta sobre as melhores taxas do mercado”, avalia.

Os consumidores com renda familiar entre 1 e 5 salários mínimos têm um gasto mensal de 35,43% com encargos financeiros. De 5 a 10 salários mínimos, o gasto mensal com juros é de 33,62% do orçamento. Os consumidores com renda entre 10 e 20 salários gastam 32,95% do orçamento com juros. Já os consumidores com renda entre 20 e 50 salários gastam 28,07% com juros no orçamento. E quem possui renda acima de 50 salários gasta 19,08% do orçamento com encargos financeiros.

Segundo Miguel de Oliveira, os fatores que levam os juros a serem o principal gasto do orçamento familiar são a má utilização do crédito pelo consumidor, as altas taxas de desemprego e altas taxas de juros cobradas do consumidor em empréstimos. “A maioria dos consumidores, ao tomar empréstimo, se preocupa mais com o valor da prestação e não pesquisa as taxas de juros”, afirma.

Os juros do cheque especial e do cartão de crédito são os que mais pesam e podem desequilibrar o orçamento doméstico, avalia o vice-presidente da Anefac. “O consumidor deve ter cuidados ao se endividar com o cheque especial ou no cartão de crédito, pois os juros destas linhas de crédito podem consumir um terço da sua renda mensal”, explica.

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