economia

Juros caem com melhora de humor no exterior e ‘kit privatização’

Os juros futuros retomaram nesta quarta-feira a trajetória de queda firme, em linha com a valorização no câmbio, a melhora do humor nos mercados internacionais e o otimismo com o processo de privatização das estatais. A trajetória de baixa, que já ditava o ritmo pela manhã, se ampliou à tarde e as taxas fecharam a sessão regular nas mínimas do dia, com alívio de cerca de 10 pontos-base nos vencimentos de médio e longo prazos. A ata do Fomc, o evento mais esperado do dia, não chegou a impactar os negócios na renda fixa.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou a 5,36% (mínima), de 5,439% na terça no ajuste, e o DI para janeiro de 2023 fechou em 6,34% (mínima), de 6,441% no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,951% para 6,85% (mínima).

Profissionais nas mesas de operação afirmam que o mercado de juros nesta quarta-feira retomou o que consideram sua tendência “natural”, sob autorização do quadro externo de melhor apetite ao risco. “O exterior mais tranquilo possibilitou ao mercado voltar a ser mais influenciado pelos fundamentos e pela política monetária”, disse o trader da Quantitas Asset, Matheus Gallina.

Para ele, os fatores locais têm ficado em segundo plano, mas, ele admite que o noticiário em torno das privatizações do governo contribuiu, ainda que de maneira indireta, para as ordens de venda. O governo divulga nesta quarta lista de 17 empresas que serão alvo das privatizações, que inclui Correios e Eletrobras.

No fim da sessão regular, informação publicada no site do jornal Valor Econômico de que o plano da equipe econômica é privatizar a Petrobras até o fim do governo Jair Bolsonaro deu um pouco mais de gás ao recuo das taxas. “Pegou um pouco sim, mas sem muito fundamento. A perspectiva de entrar dinheiro com grandes privatizações é sempre positivo para DI Longo”, disse Vitor Carvalho, sócio da LAIC-HFM, ressaltando, contudo, “que parece ser algo bem mais para frente mesmo”.

O mercado também vê a entrada de fluxo estrangeiro vindo da venda de estatais como um alívio importante para as contas fiscais, que pode abrir espaço para investimentos e novas queda da Selic, ou ao menos, ajudar a taxa básica a se manter por mais tempo no piso histórico.

No exterior, a ata do Fomc não fez preço na curva, em meio à leitura de que eventos ocorridos depois da reunião de política monetária de julho, como a imposição de novas tarifas dos Estados Unidos para produtos chineses e a inversão da curva dos Treasuries de 2 e 10 anos, podem ter alterado a percepção dos dirigentes. “O mercado ficará mais atento mesmo ao discurso de Powell em Jackson Hole na sexta”, disse Gallina. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa na sexta-feira no Simpósio de Jackson Hole.

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