Apesar da taxa média de juros do cheque especial e empréstimo pessoal para pessoas físicas ter caído pelo oitavo mês consecutivo, de acordo com a pesquisa de agosto da Fundação Procon de São Paulo, divulgada ontem, a redução foi pouco significativa.
Em comparação com junho, a queda foi de apenas 0,04 ponto porcentual. No cheque especial, os juros caíram de 8,83% para 8,79% – o que equivale a taxas de 174,74% ao ano e, no crédito pessoal, de 5,30% para 5,27% – o correspondente a 85,21% de juros por ano.
As dez instituições financeiras pesquisadas foram Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Safra, Santander e Unibanco.
Para a pesquisa das taxas do empréstimo pessoal, foi estipulado um período de 12 meses e, para o cheque especial, um período de 30 dias. As menores taxas encontradas pela pesquisa foram as da Caixa Econômica Federal, que cobra 4,39% no empréstimo pessoal e 6,75% no cheque especial.
De acordo com o consultor financeiro Raphael Cordeiro, ambas as taxas pesquisadas continuam “altíssimas”, inclusive maiores que as cobradas há um ano.
“Mesmo com a taxa Selic estando nos patamares mais baixos da história”, lembra, referindo-se à taxa básica de juros, que baixou, em julho, para 8,75% ao ano.
O índice, segundo ele, deveria ter uma relação mais direta com os juros cobrados pelos bancos a seus clientes, mas fatores como a inadimplência que aumentou este ano pesam contra taxas menores.
“Fato é que uma pessoa que sistematicamente entra no cheque especial está cometendo um suicídio econômico”, alerta Cordeiro. O consultor explica que, com um pouco de pesquisa e planejamento, o cheque especial pode ser substituído pelo próprio crédito pessoal, que a própria pesquisa do Procon-SP apontou estar significativamente mais baixo.
Ele informa, ainda, que muitos cartões de crédito emprestam a juros de 3% ao mês, e que juros de um refinanciamento de um carro chegam a menos de 27% ao ano.
Se as diferenças entre as taxas, em um mês, parecem pequenas, em um ano uma escolha errada na hora do empréstimo pode pesar bastante. Segundo Cordeiro, a uma taxa de 8,79% ao mês no cheque especial, uma dívida de R$ 1 mil vai para R$ 2.748 ao final de 12 meses.
Em dois anos, salta para mais de R$ 7,5 mil. No crédito pessoal, os mesmos R$ 1 mil passam para R$ 1.852 no primeiro ano, e R$ 3.430 no segundo. Já em alternativas como o refinanciamento de um veículo a juros de 2% ao mês, a mesma dívida ficaria em R$ 1,2 mil em um ano, e R$ 1,6 mil em dois.