O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, comentou nesta sexta-feira, 26, que os juros bancários ainda são elevados no Brasil, “mas aparentemente têm trajetória de redução”.
Os dados do BC mostraram que a taxa de juros média com recursos livres (sem dinheiro do BNDES e da poupança) ficou em 38,3% ao ano em junho. Isso representa uma queda de 0,2 ponto porcentual no mês e também de 0,2 ponto porcentual no primeiro semestre. No caso do crédito direcionado (recursos do BNDES e da poupança), o juro médio ficou em 8,2% ao ano, com queda de 0,2 ponto no mês e de 0,3 ponto no semestre.
Durante a coletiva de imprensa, Rocha foi questionado sobre os motivos para que o juro do crédito livre não caísse mais em função do fim dos chamados “subsídios cruzados” que, anteriormente, as operações do BNDES geravam. Ele explicou que o subsídio cruzado, em geral, se dá dentro de uma mesma instituição. Assim, quando o BNDES repassa recursos subsidiados para um banco, por exemplo, surge o subsídio cruzado, porque este banco oferta tanto a linha subsidiada quanto a linha de crédito livre.
No entanto, Rocha lembrou que houve a substituição, nas operações do BNDES, da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pela Taxa de Longo Prazo (TLP) – sendo que a segunda taxa vai convergir para taxas de mercado ao longo dos próximos anos. “Este processo não se completou”, pontuou. “O que se espera é a redução desses subsídios”, acrescentou Rocha. No limite, isso também contribuirá para a baixa das taxas do crédito livre.
Saldo
Ao tratar da alta do saldo total de crédito em junho, de 0,4% (livre mais direcionado), Rocha pontuou que as modalidades de desconto de duplicatas e de antecipação de faturas para pessoas jurídicas contribuíram para o movimento. Houve alta de 16,0% no desconto de duplicatas para empresas e avanço de 9,1% para antecipação de faturas do cartão em junho. Segundo ele, esse desempenho é sazonal, ligado à procura por essas linhas no fim do semestre.