Juros altos e vendas fracas aumentam as falências

São Paulo

– A combinação entre juro alto e queda de vendas elevou o número de falências de pequenas e médias empresas em todo o país. Segundo levantamento divulgado terça-feira (24) pela Serasa, apenas em maio foram decretadas 673 falências, 39,3% a mais do que em maio de 2002. No acumulado de janeiro a maio, o aumento chega a 19,5%, num total de 2.200 falências decretadas.

“A falência é o instrumento mais usado pelos credores para pressionar as pequenas e médias empresas. O aumento dos decretos de falência mostra a situação delicada em que elas se encontram”, afirma Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa.

As concordatas aceitas pela Justiça também aumentaram. Foram 63 em maio, 40% a mais do que em maio de 2002. No acumulado de 2003, a alta é mais modesta, de 1,7%, num total de 177 registros. Almeida explica que a concordara é um instrumento utilizado principalmente com grandes empresas e, embora tenha aumentado, o número absoluto ainda é pequeno.

“Ao contrário das pequenas empresas, as grandes conseguem ter um relacionamento bancário melhor e, além disso, conseguem administrar melhor o fluxo de caixa. Isso ocorre porque elas conseguem gerar mais receita financeira do que as pequenas e médias, atenuando o problema provocado pela queda de vendas. Elas também tiveram um alívio com a queda da cotação do dólar, pois nos últimos anos criaram um fluxo em moeda estrangeira”, diz o economista.

Segundo Almeida, nos últimos anos caiu bastante o número de empresas que pedem concordata para alongar os prazos de pagamento aos credores. Agora, são os credores que entram com pedidos de concordata na Justiça. Em maio, foram requeridas 93 concordatas, 93,8% a mais do que em maio do ano passado. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a alta foi de 26,2%, num total de 265 registros.

Na avaliação do economista, o aumento do número de falências e concordatas é reflexo do juro alto e da retração da economia, mas não é possível afirmar que é uma tendência para os próximos meses.

“Os números devem continuar altos, mas não necessariamente serão maiores do que os atuais. Toda a expectativa da indústria e do comércio está voltada para o segundo semestre, que sazonalmente apresenta vendas maiores e, este ano, pode chegar junto com a queda dos juros. Todos esperam uma reação da demanda”, diz ele.

A retração da economia provocou um efeito secundário. Empresas e consumidores praticamente não tomaram empréstimos nestes cinco primeiros meses do ano, fazendo cair o volume de protestos. O volume de títulos protestados caiu 11,6% em maio, na comparação com maio de 2002, num total de 681 mil registros em todo o país. Nos primeiros cinco meses do ano 3,5 milhões de títulos foram protestados, 12% a menos do que em igual período de 2002.

“Essa redução reflete a cautela de todos. As empresas reduziram o volume de empréstimos e os créditos ao consumidor ficaram praticamente estáveis nestes cinco primeiros meses do ano”, afirma Almeida.

Em maio, os protestos de pessoas físicas somaram 302 mil títulos, 19% a menos do que em maio de 2002. De janeiro a maio o número chega a 1,5 milhão de documentos, com queda de 18,2% em relação a igual período do ano passado.

Os protestos de empresas somaram 379 títulos em maio, com queda de 4,6% em comparação com o mesmo mês de 2002. De janeiro a maio de 2003, o volume de protestos de pessoa jurídica apresentou queda de 6,6%, com 2 milhões de registros.

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