A unanimidade do Comitê de Política Monetária (Copom) na decisão de cortar a Selic em 0,25 ponto porcentual na reunião de ontem trouxe um pouco de alívio ao mercado de juros, que registra queda das taxas projetadas em todos os vencimentos na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).
Ontem, antes do encontro, havia entre analistas a expectativa de que o placar seria novamente dividido, com alguns votos a favor da estabilidade da taxa – hipótese reforçada pelo resultado salgado do IGP-DI de agosto (+1,39%). Sem a dissidência, operadores entenderam que fica aberta a porta para a continuidade da flexibilização monetária, dependendo dos próximos indicadores. E, como os contratos de juros carregavam uma boa dose de prêmio, a reação natural hoje foi de queda.
Às 10h23, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2008 tinha taxa de 11,11% ao ano, ante 11,16% na véspera. Este contrato é o que concentra as apostas para as decisões do Copom deste ano.
Operadores destacam, no entanto, que o Copom pode não ter dado por encerrado, de forma evidente, o processo de baixa de juros. Mas também não há qualquer garantia de que ele vai continuar. O comunicado divulgado ontem gerou análises divergentes. Alguns consideraram o tom mais tranqüilo, sem citar explicitamente riscos adicionais. Mass muita gente enxergou no comunicado um contraponto ao efeito da unanimidade. Isso porque, no texto, o Copom diz que o cenário "ainda justificaria estímulo monetário adicional".
De todo modo, o resultado do IPCA de agosto, divulgado hoje, mantém o mercado em estado de alerta, embora o número tenha vindo em linha com as expectativas (o índice quase dobrou em relação a julho – passou de 0,24% para 0,47%).