Juro é remédio necessário no momento para controle da inflação, diz Barbosa

Neste momento, a política de aumento da taxa básica e juros (Selic) é um remédio necessário para que a taxa de inflação convirja para o centro da meta (4,5%), disse nesta segunda-feira, 01, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, após participar do seminário “O desafio do Ajuste Fiscal Brasileiro” da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV).

Ele fez esta afirmação ao ser perguntado como via análises de alguns economistas, segundo os quais a elevada taxa de juro implícita na Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), de 24,3% em março segundo o Banco Central, poderia comprometer o ajuste fiscal.

“O BC fixa a taxa de juros de curto prazo. A taxa de juro de mercado é composta de várias taxas. Não só da de curto prazo, como da taxa de longo prazo. E já é um consenso no Brasil de que a política monetária tem que ter a liberdade necessária para manter a inflação no centro da meta. Então, nesse momento o aumento da taxa de juros é o remédio necessário para controle da inflação. Ou seja, a elevação da taxa de juros em curso pelo BC, que é a autoridade competente para decidir sobre estas coisas, é o remédio necessário para trazer a inflação para o centro da meta”, disse o ministro.

Já a taxa que incide sobre a dívida líquida, explicou Barbosa, é uma composição. “Ela tem Selic, TJLP, TR, taxa de remuneração das reservas internacionais e o custo dos empréstimos do BNDES. É um conjunto das várias taxas”, reforçou o ministro, destacando que o governo vem atuando para reduzir o juro implícito, mas de forma gradual.

“O governo, ao elevar a TJLP, está elevando a remuneração dos ativos que ele emprestou ao BNDES. Vai reduzir a taxa de juro implícita ao longo do tempo. Não rapidamente. Ao fazer os swaps cambiais, de um lado o BC reduz a carga de carregamento das reservas internacionais, que pode reduzir a taxa de juros implícita”, disse Barbosa. Ainda de acordo com ele, ao não fazer novos aportes para os bancos públicos, o governo também reduz gradualmente a taxa de juro implícita de juros.

“Então, por ser uma variável composta de várias taxas de juros e taxas de retorno, esta variável não é objeto direto de uma ação do governo. Ela é resultado de várias ações do governo e taxa de juro mais baixa não é feita por decreto. Ela é construída para dar as condições para que a economia possa trabalhar com maior crescimento e menor inflação com uma taxa de juros mais baixa”, afirmou Barbosa, para quem a principal ação para isso é o aumento da produtividade.

“Quanto maior a produtividade, menor será a taxa de juros necessária para manter o controle da inflação e fazer isso de forma compatível com a taxa de crescimento que a gente deseja”, disse o ministro.

Antes, durante sua palestra, Barbosa disse que a taxa de juro implícita na Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) é muito alta e que é por isso que o ajuste fiscal no Brasil tem que ser rápido. Como se estivesse mandando um recado ao Congresso, Barbosa disse que o ajuste fiscal não será, de um lado tão rápido como querem os economistas, mas não pode ser tão lento como alguns acreditam.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo