A perspectiva de aumento dos juros nos EUA foi motivo para tensão no mercado de câmbio ontem. As Bolsas americanas operaram em baixa durante toda a sessão e os títulos do Tesouro americano voltaram a subir, o que pressiona os papéis de países emergentes. O dólar encerrou os negócios cotado a R$ 3,077, em alta de 0,68%. Foi o quinto dia consecutivo de alta. Já a Bovespa caiu 1,27%.
Segundo analistas, os investidores estão atentos aos novos dados de crescimento econômico que serão divulgados nesta semana, como o índice de confiança do consumidor e os resultados das vendas de bens duráveis.
A revenda de casas nos EUA atingiu o recorde histórico de 6,95 milhões de unidades, o que representa um aumento de 2,1% em junho. O resultado surpreendeu os analistas do setor, que esperavam uma desaceleração do mercado imobiliário, com a expectativa de juros hipotecários mais altos após o aumento da taxa de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
“Desde que o dólar bateu os R$ 3 e Greenspan defendeu o crescimento da economia americana no Senado, o mercado vive um forte movimento de correção de taxas”, afirma o analista Jorge Kattar.
Um aumento no ritmo de crescimento da economia americana poderia gerar pressão inflacionária. Dessa forma, o Fed seria obrigado a aumentar os juros de forma mais drástica para evitar que a moeda perdesse o poder de compra. Analistas temem que, se esse quadro se confirmar, o fluxo de recursos para países emergentes diminua, pois os títulos do Tesouro americano pagariam prêmios mais atraentes ao investidor.
Ontem, os títulos do Tesouro registraram altas expressivas. Com isso, o risco-Brasil voltou a subir. No fim da tarde, o indicador da confiança na economia brasileira avançava 1,96%, para 624 pontos. Os principais títulos da dívida externa, os C-Bonds, recuavam 1%, para 92,5% do seu valor de face.