Juro de 1% ao ano, o mais baixo há 42 anos nos EUA

Washington – (das agências) – O Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, anunciou ontem a redução dos juros básicos norte-americanos para 1% ao ano, o mais baixo dos últimos 42 anos. É a 13.ª vez desde janeiro de 2001 que o Fed reduz as taxas de juros do país. Em janeiro de 2001, a taxa era de 6,5% e passou para 6%.

Com a redução dos juros, o governo americano espera uma retomada do crescimento da economia na expectativa de incentivar a produção e reduzir a taxa de desemprego de 6,1%, que atinge 8,8 milhões de trabalhadores americanos.

A taxa de juros mais baixa é a principal arma para impedir o risco de deflação – quando os preços caem como resultado da baixa atividade econômica.

O corte nos juros vai de encontro à expectativa da maioria dos analistas de Wall Street, que apostava na queda de 0,25 ponto. Apenas uma pequena parte acreditava que o Banco Central americano pudesse ser mais radical e reduzir a taxa em 0,50 ponto.

A estimativa é que a inflação nos Estados Unidos encerre o ano entre zero e 1%. Nesse nível, as empresas não têm condições de reajustar os preços de seus produtos para garantir o faturamento. Com menos dinheiro, o setor corporativo é obrigado a cortar custos e investimentos elevando ainda mais o desemprego e reduzindo o consumo.

O próprio Greenspan reconheceu, em seu último depoimento no Congresso americano, em 21 de maio deste ano, que os indicadores econômicos do país eram desapontadores e, se nada fosse feito, o risco de deflação não estaria descartado.

Nas últimas semanas, foram divulgados diversos índices econômicos que indicavam um início de uma recuperação da principal potência econômica do mundo. O índice de confiança ao consumidor, por exemplo, está se mantendo estável após um leve crescimento e as vendas no varejo subiram 0,1% em maio.

Para o economista do Fleet Boston Financial, Wayne Ayers, não havia razão para o governo deixar de reduzir os juros agora. “Se minha interpretação está correta, a economia pode crescer entre 4,5% e 5% neste ano, mas, mesmo assim o risco da deflação pode continuar”, disse Ayers, que já trabalhou no Fed.

Os investidores e especialistas esperam agora mais indicações do Fed sobre como se comportará a economia americana até o final do ano. Para alguns, a mudança nos números não é o mais importante, mas sim o que o Fed vai dizer. Todos querem saber agora por quanto tempo os juros baixos devem ser aplicados.

Se, por um lado, os juros incentivam a produção, eles também podem reduzir os ganhos dos bancos e financeiras – que aplicam muito nas Bolsas.

Outro medo é a crescente desvalorização do dólar perante o euro. A moeda americana já perdeu 20% do valor em relação ao euro no último ano.

O dólar fragilizado ajuda nas exportações dos produtos americanos, mas torna os investimentos locais menos interessantes.

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