Antes mesmo da decisão da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a Selic em 11,25% ao ano, a taxa média de juros dos empréstimos bancários já havia aumentado. Depois de cair, em setembro, de 35,7% para 35,5% ao ano, voltou aos 35,7% ao ano nos primeiros oito dias úteis de outubro, considerando a média de todas as linhas de crédito.

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A reação do mercado, portanto, foi bem mais rápida do que normalmente ocorre quando a Selic cai. A Selic é o juro básico da economia brasileira. Nesse caso, a queda dos juros de mercado costuma vir com defasagem bem maior. "Não é nenhuma surpresa que o sistema financeiro seja muito mais ágil na elevação do que na redução dos juros" , diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Isso se reflete no fantástico resultado dos bancos, cujos porcentuais de lucro relativo ao patrimônio são desproporcionais a qualquer outro país do mundo.

"Os bancos anteciparam uma expectativa de alta na inflação futura", diz o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. Para o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, o espaço para a queda dos juros dos empréstimos bancários ficou reduzido com a decisão do Copom. Segundo ele, o custo de captação tende a se estabilizar com a pausa na queda da Selic, que serve de base para os juros do mercado.

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