A taxa de juro cobrada do consumidor na hora da aquisição de bens (exceto veículos) disparou em dezembro, mês que as pessoas usam mais essa modalidade de crédito por conta das compras de final de ano realizadas no varejo. A taxa passou de 56,4% em novembro para 65,2% em dezembro, segundo levantamento feito pelo Banco Central.
A elevação ocorreu mesmo com o processo de ajuste da Selic, iniciado em setembro. Em dezembro, a taxa básica de juros da economia brasileira sofreu um corte de 0,5 ponto para 18% ao ano. Neste mês, a taxa caiu para 17,25% ao ano.
Também no mês passado foi verificado um aumento de 2% no volume de crédito destinado a essas operações, para R$ 10,251 bilhões.
Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, as redes de varejo estimularam o parcelamento das compras no cartão de crédito em dezembro. Como as lojas tinham essa preferência, as operações de créditos foram oferecidas a taxas mais elevadas.
No entanto, Lopes lembra que no ano foi registrada queda nessa taxa. Em dezembro de 2004, era de 66,9%. Essa redução é conseqüência dos acordos das redes de varejo, que fizeram a transferência das carteiras de crédito para financeiras – que possuíam taxas mais baixas.
Para ele, esse processo está praticamente finalizado, já que a maioria das grandes lojas já realizou esse tipo de acordo.
A taxa cobrada para aquisição de bens foi a única que sofreu elevação no mês passado. As demais sofreram queda ou ficaram estáveis. Esse foi o caso da praticada na modalidade aquisição de veículos, que recuou apenas 0,1 ponto percentual, para 34,8% ao ano.
A taxa cobrada nas operações de crédito pessoal passaram de 68,7% para 67,3% em dezembro. Estão incluídas nessas operações os empréstimos consignados – com desconto direto em folha de pagamento -, que tiveram um recuo menor, de 36,9% ao ano para 36,4% em dezembro.
A queda no cheque especial, a mais alta de todas, alcançou 1,7 ponto percentual, para 147,5% ao ano.
A taxa média cobrada das operações para a pessoa física ficou em 59,3% ao ano em dezembro, queda de 1,1 ponto percentual. Essa é a taxa mais baixa para essa série, iniciada em 1995.
Altamir destacou que durante o ano houve a busca das famílias por taxas mais baixas, como as praticadas no crédito consignado e nas operações de leasing.
?O que dá para inferir é que as famílias utilizaram modalidades de crédito mais baratas em detrimento do uso do cheque especial.?
Já a taxa de juros cobrada das empresas (pessoa jurídica) caiu de 32,4% ao ano, em novembro, para 31,7%, ao ano, em dezembro.
Spread
O spread – diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes – caiu no mês passado, e passou de 43,2 para 42,8 pontos percentuais. Para as empresas a queda foi menor, de 0,2 ponto, para 14 pontos percentuais.
Já a taxa de inadimplência ficou praticamente estável no mês passado. Para as empresas, a taxa foi de 2% e para as pessoas físicas, de 6,8%, alta de 0,1 ponto percentual.