Juro alto e renda baixa derrubam vendas

Desemprego, preços em alta, juros elevados e renda do trabalhador em queda. Esses fatores conjunturais somados durante o mês de maio, continuam proporcionando vendas menores que o previsto para o período, no comércio varejista de Curitiba e Região Metropolitana. “Em muitas situações, o consumidor deixou de comprar ou comprou produtos alternativos, de menor valor unitário”, disse o presidente da Federação do Comércio do Paraná, Rubens Brustolin, ao analisar os números da Pesquisa Conjuntural de maio, divulgada ontem.

“Não se pode esquecer que o desempenho tímido do comércio que foi verificado nos cinco primeiros meses do corrente ano, é uma característica mais ou menos própria do 1.º semestre do ano. Normalmente há uma tendência de melhora do desempenho a partir do 2.º semestre”, diz o dirigente sindical.

As encomendas realizadas pelo comércio junto a industria ou ao atacado constituem importante sinalizador a respeito das expectativas do setor quanto ao desempenho futuro. No acumulado do ano, o desempenho de janeiro-maio de 2003 foi inferior ao do mesmo período de 2002 em -5,77%. No período, os ramos que mais compraram foram combustíveis e lubrificantes; calçados. Os que menos compraram foram: vestuário; autopeças e acessórios. Em relação ao mês anterior, ou seja, abril, houve uma queda de -2,93%. Os ramos que apresentaram mais crescimento foram vestuário e tecidos. Os piores desempenhos couberam a óticas; livrarias e papelarias.

As vendas acumuladas no ano, período janeiro-maio de 2003 foram inferiores às de igual período de 2002 em -5,84%. Os ramos que mais venderam foram óticas; combustíveis e lubrificantes; os que menos venderam foram concessionárias de veículos; vestuário. O desempenho em relação ao mês anterior indica um crescimento de 3,44%. Os ramos com melhor desempenho foram vestuário; lojas de departamentos. Os que tiveram pior desempenho foram supermercados; livrarias e papelarias.

Nível de emprego

O emprego no comércio em maio comparado a abril, cresceu 0,09% . Os ramos que apresentaram melhor crescimento foram óticas; e farmácias e perfumarias. Os que cresceram menos foram móveis, lojas de departamentos e utilidades domésticas; lojas de departamentos.

No acumulado do ano, o indicador de emprego para o comércio apresenta-se negativo para o período janeiro-maio em -3,94%. Os ramos que apresentaram maior crescimento no período foram cine-foto-som; farmácias e perfumarias. Os ramos de menor crescimento foram livrarias e papelarias; móveis, decorações e utilidades domésticas.

Folha de pagamentos

A remuneração aos trabalhadores no acumulado do ano, período janeiro-maio apresentou uma queda de -9,04% em relação a igual período de 2002. Em relação ao mês anterior, verifica-se um acréscimo de 1,45% na folha de pagamentos. Por outro lado, em relação ao mesmo mês do ano anterior, tem-se em maio de 2003 uma queda de -12,06%.

Conjuntura

Acredita-se que com a chegada do segundo semestre, a performance do comércio será no sentido de uma reversão no desempenho, tudo apontando para uma melhora. Até mesmo porque o governo deverá interferir no processo econômico, pois os setores produtivos já estão no limite da capacidade de assimilação de prejuízos, queda nas vendas, tudo associado a maiores índices de desemprego e redução do poder aquisitivo da população.

Em diversos setores de atividade, que se constituem em importantes segmentos de vendas do comércio, as indústrias estão trabalhando com ociosidade entre 40% e 50%. É o caso da industria automobilística que trabalha com produtos de alto valor agregado e que, por conta da queda nas vendas das “concessionárias de veículos”, está dando férias coletivas antecipadas aos seus trabalhadores, num ambiente onde os pátios das fábricas estão com estoques para três a quatro meses de vendas. A queda no desempenho das “concessionárias de veículos” afeta também os “combustíveis e lubrificantes” e “autopeças e acessórios”.

A queda no poder aquisitivo é também responsável por uma parcela da contração no desempenho das lojas que trabalham com “eletrodomésticos e eletro-eletrônicos” . O consumidor deixa de comprar, pois, dentre tantas dúvidas ao assumir um financiamento, uma passa a ser mais importante: até quando poderá estar empregado?

Avaliando sob outra perspectiva, identifica-se no bom desempenho do setor agrícola no primeiro semestre, variáveis importantes para estimular o comércio no interior do país, nos chamados pólos de produção agropecuários, estimulando compra de máquinas, tratores, colheitadeiras, veículos, afora recursos suficientes para outros investimentos produtivos.

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