economia

JR Mendonça de Barros: governo está longe de consenso sobre política industrial

O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e atual sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, disse nesta segunda-feira, 19, para empresários da indústria que do ponto de vista do discurso da política do governo há um grande desafio pela frente. De acordo com ele, se o governo conseguiu reunir unanimidade de que há um desarranjo macroeconômico de tal natureza que faz com que uma pauta macroeconômica se imponha, a parte seguinte, que inclui uma política industrial, está longe de obter um consenso.

“Uma vez aceito que tem que botar as contas públicas no lugar, que a taxa de juros tem que baixar, etc., vem a segunda parte e essa é a mais difícil e que certamente teremos que discutir daqui para frente”, disse José Roberto durante sua participação no seminário “Perspectivas para a Economia Brasileira nos Próximos Anos”, na Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A questão, de acordo com o economista, é saber como fazer com que a retomada do crescimento seja um pouco maior e sustentável. “Não é só a parte macro que interessa. Tem uma parte micro fundamental”, acrescentou.

De acordo com José Roberto Mendonça de Barros, há que se registrar que na agenda fiscal o governo precisa escolher as coisas que ele pode fazer. “E aprendi que um governo novo pode muitas coisas, mas não pode tudo. Então, ele tem que escolher o que pode fazer. E a PEC dos gastos, certamente, é a mais feliz destas escolhas”, observou o ex-secretário da Fazenda.

Ele disse que tem que ser registrado ainda que nas duas ou três semanas passadas, embora tenha ficado uma imagem complicada, o governo finalmente fincou o pé. “Não pode mais ter reajuste salarial no setor público. Não faz sentido, com os problemas de finanças públicas, com a recessão do País, ter reajustes gigantescos para grandes corporações públicas, dos defensores públicos terem mudado a agenda de reajustes do Supremo Tribunal Federal. Não vai ter e ponto”, observou o sócio da MB Associados.

Outro ponto que na avaliação do ex-secretário foi positivo foi o governo federal ter falado para os Estados que não haverá mais antecipações para os governadores. “O que está feito está feito. Isso é fundamental porque os próprios Estados, antes de fazer seus ajustes difíceis, iam tentar espetar o governo federal como sempre fizeram”, disse.

José Roberto afirmou ainda que o mercado está subestimando o tamanho dos recursos que virão para o País com a repatriação de capitais. “Conversando com os bancos, em especial com os escritórios de advocacia, todos dizem a mesma coisa: vai ser uma inundação de dinheiro. Nós achamos na MB que é possível que em vez dos R$ 20 bilhões, que se não estou enganado está no Orçamento, possa chegar a R$ 70 bilhões, R$ 80 bilhões, o que daria um refresco fenomenal”, disse.

O problema é que esses recursos exercerão uma pressão sobre o dólar. “E aí sim ele vai para R$ 3,00. Não tem como escapar porque uma parte desse dinheiro vai ser paga com recursos que virão do exterior”, afirmou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo