Oportunidades aparecem para |
Rio (AG) – Os jovens brasileiros continuam a enfrentar grandes dificuldades de inserção no mercado de trabalho. E quando bem-sucedidos, têm ocupações perversas (baixos rendimentos, longa jornada de trabalho e informalidade), que não favorecem a conciliação do trabalho com o estudo. Essa incompatibilidade empurra os jovens de famílias mais pobres a abrir mão do estudo, temporariamente ou não, comprometendo as chances futuras de ascensão no emprego.
Em razão desse quadro, o grande desafio do País consiste em adotar ações que combatam a elevada defasagem escolar dos estudantes que trabalham, levando-os, ao mesmo tempo, em direção ao ensino médio, técnico e superior, respeitando-se os aspectos socioeconômicos de cada região. Essas são algumas das principais conclusões do estudo ?Os jovens no mercado de trabalho do Brasil?, desenvolvido pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Gelre, empresa de relações humanas do trabalho há 40 anos presente no País.
O dado mais recente, de 2003, mostra que o desemprego entre os jovens (de 15 a 24 anos) foi de quase 18%, o que representou o dobro da média nacional, de 9,7%. Segundo o estudo, que foi divulgado ontem, o rendimento médio mensal de quase 40% dos jovens trabalhadores não era superior a um salário mínimo em 2003. Por grupo racial, a defasagem escolar atinge mais os negros e pardos. Tanto que, na faixa de 20 a 24 anos, cerca de um terço dos negros ou pardos estava no ensino fundamental (a faixa era 10% para brancos), 43% no médio (contra 23% dos brancos). Significa dizer que mais de 70% dos estudantes defasados são negros e pardos.
A dificuldade de estréia no mercado de trabalho não é, contudo, um fenômeno apenas brasileiro, assinala o estudo. Também os países desenvolvidos, como Itália ou Espanha, possuem elevadas taxas de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (2003).
?O que diferencia o Brasil dos países mais desenvolvidos é a forma precária como os jovens se inserem no mercado de trabalho. Eles recebem baixíssimas remunerações e não têm qualquer proteção da legislação. Para mudar este quadro, deveriam ser melhoradas as condições de vida das famílias pobres e a qualidade das escolas públicas?, disse o professor João Saboia, autor do estudo. Jovens no mercado de trabalho é o segundo fascículo da Gelre Coletânea – Série Estudos do Trabalho. O objetivo do novo estudo ?é oferecer aos empresários, às entidades de relações trabalhistas e até mesmo ao governo elementos para a reflexão sobre os mecanismos que minam a evolução do jovem e sua entrada no mercado de trabalho?, disse o presidente da Gelre, Jan Wiegerinck.