Para o governo brasileiro combater a crise, a primeira coisa que precisa fazer é reduzir os gastos e, para isso, é preciso baixar os juros com que o País rola sua dívida, afirmou nesta quarta-feira (8) o vice-presidente da República, José Alencar. “Eles (os juros) são despropositados em relação ao mercado internacional”, declarou, após participar, no Museu Nacional, em Brasília, da cerimônia de abertura da 2ª Bienal Brasileira de Design.

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A uma pergunta sobre a possibilidade de redução dos juros pelo Banco Central do Brasil, como fizeram hoje os BCs de vários países, Alencar respondeu que “pode ser”, mas acrescentou que esse assunto não foi tratado na reunião de Coordenação Política com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, da qual participou também o presidente do BC, Henrique Meirelles.

Alencar afirmou que o governo está preocupado com a crise internacional, mas tranqüilo em relação à situação brasileira. Segundo ele, o sistema bancário brasileiro é “muito sólido”, porque “não fez nenhuma aventura”.

O vice considerou “uma ação de rotina” a adoção de medidas pelo BC para dar liquidez ao mercado. “Se está havendo alguma escassez de dólares no mercado, então é preciso que haja moeda. É para isso que existe o Banco Central, não há nada de anormal nisso. Até porque é uma parcela pequena (de dólares que está sendo vendida pelo BC)”, disse Alencar.

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Na avaliação do vice, a origem da crise financeira foi “um excesso, um abuso do sistema bancário nos Estados Unidos, que trabalham com uma alavancagem altíssima”. “Então, qualquer problema de desconfiança gera crise.”

Segundo Alencar, o Brasil precisa continuar cuidando do seu dever de casa, ou seja, continuar investindo na infra-estrutura básica e, eventualmente, resolver qualquer problema de liquidez que possa ocorrer. Ele disse que o Brasil tem condições “excepcionais” para atravessar bem a crise e até transformá-la em oportunidade para “ganhar patamares superiores”.

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Exportação

E o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou que as vendas de dólares pelo Banco Central realizadas hoje ajudam muito a dar liquidez ao mercado. Segundo Jorge, essa medida faz parte da discussão entre os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento e o Banco Central para ajudar, neste momento, as exportações brasileiras. O ministro disse, no entanto, que ainda não dá para saber qual o impacto da volatilidade do câmbio no comércio internacional brasileiro. “Como a situação é volátil no mundo todo, não dá para prever nada”, disse Miguel Jorge.

Questionado sobre quanto o BC precisaria utilizar de suas reservas para garantir financiamento aos exportadores, ele respondeu que seria “um chute” mencionar qualquer. “Ainda não dá para calcular”.

O ministro disse também que o governo ainda não tem informações sobre a situação das empresas exportadores que perderam dinheiro com contratos de venda de dólar futuro, como a Sadia. “Não sabemos. São empresas de capital fechado, não precisam declarar isso”.