Uma reportagem publicada esta semana no Tax Notes International, principal jornal de assuntos tributários internacionais, afirma que a GE do Brasil sonegou quase US$ 100 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e encargos trabalhistas. O jornalista David Cay Johnston, ex-repórter do New York Times que ganhou o prêmio Pulitzer e expôs as fraudes fiscais da Enron, teve acesso a uma série de documentos internos da GE no Brasil que mostram, segundo ele, que a empresa usou de artifícios contábeis ilegais para pagar menos ICMS e impostos trabalhistas.
Em relatórios enviados para a administração da GE nos EUA, o gerente da GE Valter Moreira diz que a divisão de iluminação, eletrodomésticos e sistemas elétricos da GE no Brasil, cuja fábrica no Rio de Janeiro está em processo de fechamento, usou "notas fiscais suspeitas" que seriam "indicação de possível sonegação fiscal". Segundo o texto, a empresa possivelmente simulava transporte das mercadorias para a Zona Franca de Manaus e áreas com baixo ICMS para pagar menos impostos. "Não existe indicação de que esses produtos eram realmente transportados para a Amazônia", disse Johnston à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Cartas dos advogados da GE indicam que gerentes da empresa disseram que carregamentos supostamente destinados à Amazônia, eram, na realidade, enviados apenas para São Paulo ou outras cidades do Estado do Rio.
Citado na reportagem, o principal porta-voz da GE, Gary Sheffer, diz que essas questões tributárias eram pouco significantes e que ele estava surpreso que um repórter se interessasse por elas. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Sheffer disse que a reportagem é "inexata" e que "distorce as questões". A GE brasileira diz que as informações passadas pelo jornalista David Johnston estão fora de contexto e nega as acusações. Segundo a líder da área de boas práticas da GE, Josie Jardim, Johnton já havia tentado publicar essa reportagem pelo New York Times, no início deste ano, mas o jornal optou por não publicá-la. "Porque a história é muito menos interessante do que parece", afirma. "Estamos abertos a conversar com quem for para contar a história."