A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está “absolutamente à disposição” do Congresso para responder todas as dúvidas sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, mas desde que já tenha um relator indicado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. “Isso foi estratégico. Que sentido tem o ministro ir lá se não tem relator? Não tem sentido. Ele precisa, de fato, estar ali dentro quando houver relator, para tirar as dúvidas do relator e dos outros parlamentares. Ir ali simplesmente para ficar servindo de alvo para a oposição não tem o menor sentido”, disse a líder após acompanhar empresários em encontro com o presidente Jair Bolsonaro para a entrega de carta manifestando apoio à reforma da Previdência.
O ministro Paulo Guedes era esperado nesta terça em audiência pública na CCJ para debater a PEC da reforma da Previdência. Ele, no entanto, cancelou sua participação e o governo enviou técnicos à sessão para esclarecer dúvidas dos deputados, o que gerou críticas da oposição e até mesmo de aliados do governo.
Joice reforçou a necessidade de o presidente da CCJ, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), indicar logo o nome do relator da comissão para a reforma, que, segundo ela, é o primeiro passo a ser dado. “É prerrogativa dele (Francischini), é caneta dele. Ele tem que indicar o relator e esse é o primeiro passo e, diante disso, a gente segue”, afirmou.
Ainda sobre o cancelamento da participação de Guedes na reunião da CCJ de última hora, Joice justificou dizendo que a “política é modificada no dia-a-dia”. “Houve um entendimento de que sem a relatoria, não tinha por que o ministro Paulo Guedes ir até lá. Se tiver um relator nesta terça e quiserem marcar esse convite para esta terça, no final do dia, ele vai. Mas tem que ter relator. Sem relator, não tem sentido”, reforçou.
Centrão
Joice disse não ver com surpresa a divulgação de documento por líderes de 13 partidos que formam o chamado “Centrão” em que apoiam a reforma da Previdência, mas ressaltam que querem retirar dois pontos do texto: as mudanças no benefício assistencial pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda (BPC) e na aposentadoria rural.
“Para mim, não é surpresa nenhuma. Era uma reclamação, era absolutamente previsível que os líderes trabalhassem para modificação ou retirada, seja lá o que for, porque vamos discutir isso dentro do Congresso Nacional”, afirmou a líder, lembrando que especialmente as bancadas do Norte e Nordeste já tinham demonstrado insatisfação com esses pontos da PEC.
Joice avaliou que o importante é que os líderes estão discutindo e tocando a reforma. “Vocês veem um limão, eu vejo uma limonada. Eles dizem: ‘olha, vamos mexer nesses pontos’. (Na verdade) os líderes dizem: ‘a gente vai tocar a reforma’. E essa é a notícia. A reforma ou a Nova Previdência está andando, e os líderes assinam e ainda colocam no documento que é tão necessária a aprovação da Nova Previdência”, afirmou.
Ela disse ainda que não dá para saber qual o tamanho da mudança que pretendem fazer. “Pode ser que o BPC e o rural sejam trabalhados. Pode ser que haja uma proposta diferenciada”, disse.
Questionada se não era muito cedo para os parlamentares começarem a propor mudanças na PEC, Joice disse que, ao contrário, tem que mudar logo o que tiver de ser alterado. “Não, para mim era para essa Previdência estar aprovada. Não está muito cedo não. Tem que alterar o que tiver que alterar logo, escolher relator, votar na comissão especial. Já passou da hora”, completou.