Japão quer fazer do álcool uma commodity

Pradópolis (AE) – O ministro da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão, Shoichi Nakagawa, defendeu ontem a transformação do álcool combustível em uma commodity internacional, apoiou o Brasil na liderança do mercado mundial de etanol, mas evitou falar em negócios. Três anos depois de ampliar as conversações para um acordo comercial entre Brasil e Japão para a venda do etanol, ou mesmo para a formação de parcerias comerciais de produção aqui, o assunto ainda parece ser um tabu para os orientais.

Nakagawa lidera uma missão japonesa que conheceu a usina São Martinho, em Pradópolis (SP), maior processadora de cana-de-açúcar do País, com 7,1 milhões de toneladas moídas na safra passada. Em uma rápida entrevista, o ministro japonês procurou apenas exaltar a capacidade de produção brasileira do combustível renovável e a questão ambiental da substituição da gasolina pelo etanol.

?O Japão entende a energia renovável de cana-de-açúcar como sendo a energia do futuro, para que seja importante a preservação do meio ambiente?, disse. ?Não é simplesmente o Japão produzir (no Brasil) ou comprar álcool do Brasil; a tecnologia brasileira tem de ser difundida para o mundo?, completou Nakagawa.

A legislação japonesa prevê, atualmente, a mistura apenas indicativa, de 3% de etanol à gasolina local. Se essa mistura se tornar mandatória, seriam necessários 1,8 bilhão de litros por ano para suprir a demanda interna do Japão, volume que corresponde a cerca de 10% da produção brasileira de álcool. A Petrobras e a trading Mitsui já têm um protocolo assinado para operarem a exportação desse volume, mas a oferta brasileira ainda é insuficiente. A demanda interna brasileira ainda é grande e a exportação total movimenta, no máximo, 2,5 bilhões de litros.

Nakagawa teve uma reunião fechada com o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, na Fazenda Santa Isabel, vizinha à usina São Martinho. Rodrigues, que reside na fazenda, cancelou uma entrevista coletiva à imprensa e sequer foi à unidade sucroalcooleira. A assessoria do ministro brasileiro informou que ele teve um imprevisto, mas não informou qual. O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Linneu da Costa Lima, disse que a visita de Nakagawa faz parte do esforço do governo brasileiro para a venda de álcool ao Japão, mas admitiu que os planos são para um longo prazo.

Lima, no entanto, garantiu que o Brasil terá condições de garantir o fornecimento do combustível se efetivar o acordo com o país oriental. ?Se o objetivo é economizar o óleo fóssil, aqui está a solução. Mas é um processo a longo prazo, gradual e crescente?, explicou Lima.

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