Até agora, o dólar não coloca em risco a trajetória de inflação, disseram nesta quarta-feira, 22, os economistas do Itaú Unibanco que participam do Macro em Pauta, uma conversa trimestral que o Departamento Econômico do banco faz com jornalistas para comentar a conjuntura econômica doméstica e externa.

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Nos cálculos do banco, o coeficiente de repasse do dólar para a inflação é de 7,5%. “A cada 10% de depreciação cambial, joga-se 0,75 ponto porcentual para a projeção de inflação. Mas neste ano, na prática, o repasse tem sido mais baixo”, disse o chefe do Departamento Econômico do Itaú Unibanco, Mário Mesquita.

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Para este ano, o Itaú Unibanco projeta inflação de 4,1% e, para 2019, uma taxa de 4,2%. Para Felipe Salles, um dos economistas do banco, o ponto a ser destacado com a contenção da inflação mesmo com a desvalorização cambial é que o Banco Central não precisará aumentar juros.

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Ainda segundo Mesquita e Salles, os modelos do banco têm superestimado a inflação neste ano. Isso significa dizer que a inflação efetiva tem ficado abaixo das projeções do banco.

“Num cenário com câmbio a R$ 3,90, não vemos necessidade de se elevar a Selic”, reforçou Mesquita. Ele citou um relatório do BC segundo o qual a condução da política monetária não deve ser alterada.

PM-Itaú

Mais cedo, o banco informou que a economia brasileira deve ter sofrido uma ligeira queda de 0,2% em julho ante junho, segundo o PIB Mensal (PM-Itaú) calculado pelo Departamento Econômico do Itaú Unibanco.

Em junho, o PM-Itaú havia crescido 1,4% na leitura com descontos dos efeitos sazonais, compensando a queda de 1,2% em maio na esteira da greve dos caminhoneiros. Na comparação anual, o PM-Itaú acumula alta de 1,6% no ano até junho.

PIB global

A guerra tarifária deverá gerar um impacto negativo de 0,7 ponto porcentual no Produto Interno Bruto (PIB) mundial, o que para o Departamento Econômico do Itaú Unibanco é um impacto razoável.

Sobre o PIB das duas maiores economias do planeta, o impacto direto (exportações) da guerra tarifária, segundo os economistas do Itaú Unibanco, seria de 0,24 ponto porcentual negativo nos Estados Unidos e de -0,12 ponto no PIB chinês. O impacto indireto, que envolve o comércio no mundo, seria de -0,08 ponto porcentual nos Estados Unidos e de -0,03% na China.

Para o Brasil o Departamento Econômico do Itaú não calculou o impacto por considerar a economia brasileira muito fechada. “No que se refere ao Brasil, nossa preocupação é com o impacto que a guerra tarifária poderá exercer na China”, disse Mesquita, para quem a economia brasileira, apesar de fechada, poderá sofrer com o desdobramento do impacto da guerra tarifária na China.

O economista ponderou, no entanto, que as autoridades chinesas querem assegurar crescimento do país, até porque há uma pressão política sobre o presidente chinês XI Jinping.