A aprovação de reformas que ajudem a melhorar as contas fiscais do País, como a da Previdência, deve atrair recursos externos ao Brasil e levar o dólar para níveis abaixo de R$ 3,50, avalia o Itaú Unibanco. Já no caso das reformas serem engavetadas pelo novo presidente, de vitória de um candidato com perfil mais populista, que dê pouca importância ao ajuste fiscal, a moeda pode se estabilizar em patamar superior a R$ 4,50.

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“A aprovação das reformas, especialmente daquelas que geram uma dinâmica fiscal mais sustentável, será o ponto-chave para determinar se o País vai migrar para um regime de muito, pouco ou até nenhum financiamento externo”, ressalta relatório divulgado nesta terça-feira, 26, assinado pelo economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, e pela economista Julia Gottlieb.

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A avaliação do banco é que ao longo dos próximos anos o cenário internacional deve se tornar mais desafiador, com redução da liquidez global por conta da elevação de juros nos países desenvolvidos.

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O relatório do Itaú destaca que, desde a década de 1980, o Brasil passou por dois regimes de disponibilidade de financiamento externo: de escassez de recursos e de abundância. No geral, os períodos em que o País foi importador de capital externo foram marcados por boas condições macroeconômicas domésticas. “Por outro lado, períodos em que o financiamento externo diminuiu drasticamente foram caracterizados por desajustes e incertezas internas.”

Se no curto prazo é difícil prever movimentos no câmbio, para o médio e longo prazo o Itaú ressalta que os preços da moeda tendem a ser mais sensíveis aos fundamentos: “a taxa de câmbio, no longo prazo, depende da quantidade de recursos externos disponíveis para financiar o déficit em conta corrente de um país”, ressalta o relatório.

Por isso, dado um cenário internacional mais adverso, na ausência de reformas pelo novo presidente, especialmente as fiscais, o Brasil “pode migrar para um regime de pouca ou nenhuma disponibilidade de financiamento externo”, afirmam os economistas. Nesse caso, o País precisará gerar superávits em conta corrente, o que seria compatível com uma moeda mais depreciada – acima de R$ 4,50. “Alternativamente, em um cenário de aprovação de reformas e melhora dos fundamentos, podemos migrar para um regime de alta disponibilidade de financiamento externo e câmbio mais apreciado (abaixo dos R$ 3,50).”

No últimos meses, destaca o Itaú, o real tem perdido força ante o dólar. “A combinação de fatores internacionais e domésticos indica que pode haver menos recursos disponíveis para financiar o déficit em conta corrente no Brasil do que já existiu no passado”, observam os economistas.