A elevação dos juros básicos, de 0,5 ponto porcentual, anunciada nesta quarta-feira pelo Banco Central, para 8% ao ano, poderá gerar um efeito marginalmente positivo para os bancos se não empurrar para cima o índice de inadimplência, segundo o diretor Corporativo de Controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderón. Um movimento, nem que seja mínimo, no aumento do número de calotes consome, de acordo com ele, um possível ganho que as instituições teriam com uma maior rentabilidade dos ativos aplicados em títulos públicos e que rendem Selic.

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“O melhor cenário para os bancos não é juro alto ou baixo, mas estável. O que o banco faz é estimar risco. Se a economia está volátil, o risco oscila e pode ser precificado errado”, explica Calderón, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

A Selic impacta, conforme ele, num pedaço dos recursos do banco que são aplicados em títulos públicos, como os depósitos compulsórios. Consequentemente, quando a Selic sobe, o rendimento da instituição é maior. No entanto, Calderón lembra que essa fatia é pequena no resultado dos bancos. No Itaú Unibanco, por exemplo, é de cerca de R$ 60 bilhões enquanto a carteira de crédito da instituição passa dos R$ 400 bilhões.

“Por volta de 10% do total são impactados de maneira positiva pela Selic. Nos outros 90% (correspondentes a carteira de crédito), corremos o risco de termos um impacto contrário, pois a Selic ao subir pode gerar uma inadimplência maior”, exemplifica o diretor do Itaú.

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Ele explica que diante do aumento dos juros básicos toda a economia sobe de patamar e, consequentemente, o consumidor paga mais para obter crédito. “A taxa de juros não é a margem de um banco. Ele compra e vende dinheiro. Se a Selic sobe, o banco compra sua matéria-prima mais cara e precisa vender a um valor maior. Não significa que o banco está tendo mais lucro”, explica Calderón.