A Itália vai usar uma brecha na legislação para evitar que os contribuintes tenham de arcar com os custos do fracasso do banco Monte dei Paschi di Siena, levantando questões sobre a eficácia das novas regras bancárias da Europa. No começo desta sexta-feira, o governo italiano interveio para resgatar o Monte dei Paschi após o banco falhar na tentativa de levantar 5 bilhões de euros (US$ 5,2 bilhões) por meio de uma operação privada.
As novas regras exigem que os credores júnior dos bancos sofram perdas quando o dinheiro do contribuinte é usado. Já que cerca de metade dos investidores júnior do Monte dei Paschi são inexperientes, esse seria um remédio doloroso. Porém, a Itália está indicando que esses investidores podem ter vendido os títulos do banco de maneira fraudulenta, o que permitiria abrir uma exceção.
A Comissão Europeia, que é responsável por reforçar as regras, disse que está em contato com a Itália para trabalhar no plano de reestruturação, e ressaltou as provisões para vendas fraudulentas.
Uma porta-voz do ministério das Finanças da Alemanha, Nadine Kalway, disse que a Itália poderia resgatar um banco “sob condições estritamente excepcionais”, e também pontuou que pequenos investidores podem ser compensados caso tenham recebido conselho “falho” quando compraram os títulos.
O Monte dei Paschi é o primeiro grande teste do plano pós-crise da Europa para lidar com bancos problemáticos. Marcada pelas experiências na Irlanda, onde o governo em si precisou de um resgate após gastar dezenas de milhões de euros do dinheiro dos contribuintes para ajudar os bancos em crise, a União Europeia entrou em acordo para elaborar um conjunto de regras para proteger os contribuintes.
Um princípio básico é que alguns dos credores de um banco deveriam pagar as perdas caso os contribuintes tenham de colocar seu dinheiro na instituição. Foi o que aconteceu na crise bancária do Chipre, em 2013, quando os detentores de títulos de bancos arcaram com as perdas. Isso se tornou um modelo para as regras vigentes – mas Chipre é pequeno e a Itália muito mais complexa. Fonte: Dow Jones Newswires.
