O isolamento comercial do Brasil é histórico e, na prática, nunca foi vencido por nenhum governo. Em 1960, quando o termo “globalização” nem era usado para descrever o processo de integração econômica entre os países, o Brasil possuía um índice de abertura da economia (exportações e importações em relação ao PIB) de 18%. Passados 55 anos, em 2015, esse índice estava em 20,85%. No mundo, o indicador saltou de 17,51% para 45,19% no período.
A inserção do Brasil no comércio internacional é marcada por avanços e retrocessos, sempre ligados à política econômica da ocasião e às próprias crises globais, que influenciavam o ambiente de negócios.
Na segunda metade dos anos 1980, no governo de José Sarney, com a economia em crise e o protecionismo a vários setores da indústria nacional, o grau de abertura do País ao exterior foi diminuindo, até o ponto de atingir o mínimo histórico de 9,05% em 1991, já sob o governo de Fernando Collor de Mello.
Nos dois anos seguintes, com a abertura do País à produção externa em diferentes setores, houve alguma melhora. O período de maior ganho ocorreu entre 1996 e 2004, quando o índice de abertura saltou de 13% para 24,37%.
“O que fizemos de abertura de nossa economia parou em 1995”, diz o economista Simão Davi Silber, da USP. “Desde então, não se fez mais nada. E o mundo mudou em 20 anos.”
A professora Lia Valls Pereira, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), pondera que o Brasil é um país de tarifas de importação mais elevadas no setor industrial, mas de maior abertura no setor agrícola. “Os outros países tendem a proteger mais a agricultura, e nós tendemos a proteger mais a indústria”, diz.
Na média, porém, o Brasil não aparece bem. A tarifa média de importação do País é de 12,7%, conforme dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad)de 2014. É a sétima mais elevada entre 62 países.
No caso de barreiras não tarifárias – que incluem exigências quanto à especificação dos produtos e medidas antidumping – o Brasil é um dos mais protecionistas. Conforme a Organização Mundial do Comércio, em 2016 o País contabiliza 194 barreiras como essas, em um total de 340 entre os países da América do Sul, Central e Caribe.