Irlanda adota campanha de rejeição à carne brasileira

Poucos conhecem o Brasil na Irlanda, mas todos no interior do país afirmam com convicção que a carne brasileira não deve ser consumida por questões sanitárias. Nos últimos anos, o governo e produtores irlandeses fizeram uma verdadeira campanha contra a carne brasileira e o tema do embargo se transformou em assunto de conversas de bar. Poucos admitem, porém, que a disputa tem, no fundo, um caráter comercial e baseado em acusações nem sempre científicas.

Na semana passada, Bruxelas anunciou a suspensão das compras da carne brasileira depois que o governo não conseguiu entregar uma lista de 300 fazendas que estariam autorizadas a exportar. Sem uma contra-ofensiva de Brasília, a campanha acabou afetando a credibilidade do País. ?O Brasil perdeu muita credibilidade, tanto da Comissão Européia como da opinião pública?, afirma Kevin Kinfella, representante da Associação de Fazendeiros da Irlanda.

Desde o início da década, os produtores irlandeses vêm se queixando da concorrência brasileira. Com preço mais baixo, o Brasil abocanhou um mercado que era em parte suprido por britânicos, irlandeses e galeses. Mas, sem um argumento para legitimar a pressão por medidas protecionistas, os irlandeses sofreram perdas. Agora, os produtores irlandeses encontraram na questão sanitária e nas confusões do governo brasileiro o gancho que precisavam para conseguir interromper o comércio do País. Os jornais locais praticamente todos os dias divulgam comentários dos líderes locais sobre os perigos da carne brasileira. Sem uma contra-ofensiva brasileira, o tema chegou à opinião pública.

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