Iraque retoma produção e petróleo fecha em queda

O mercado de petróleo teve dois momentos nesta terça-feira: pela manhã, o barril superou US$ 45 em Nova York e bateu novo recorde, após alerta de tempestade no Golfo do México e fechamento de oleodutos no Iraque. No período da tarde, o preço do óleo mudou de direção e fechou em queda de 0,71%, cotado a US$ 44,52, depois da notícia da retomada da produção pela estatal iraquiana SOC (South Oil Company).

Contribuiu para essa reviravolta nos preços a informação divulgada pela agência The Associated Press de que autoridades do Iraque chegaram a um acordo com as forças xiitas de Muqtada al Sadr que havia ontem ameaçado atacar instalações petrolíferas no sul do país.

Pela manhã, o barril chegou a superar a barreira psicológica de US$ 45 com uma alta de 0,44%, cotado a US$ 45,04. Foi a primeira vez que esse patamar foi atingido desde o lançamento do contrato em 1983 na Nymex (New York Mercantile Exchange, nome em inglês da Bolsa Mercantil de Nova York, a maior de contratos futuros de energia do mundo).

Neste ano, o petróleo já acumula alta em torno de 30%. Para justificar essa escalada, analistas citam o medo de que os estoques mundiais sejam insuficientes para atender ao aumento da demanda, puxada pelo consumo maior dos EUA e da China, além da crise financeira da Yukos, maior exportadora de óleo da Rússia (2.º maior país exportador do mundo, atrás da Arábia Saudita).

As tensões geopolíticas (terrorismo e violência no Oriente Médio) também ajudam a explicar a alta dos preços, segundo economistas. Ontem, o barril já havia batido recorde, após o Iraque suspender a produção da SOC devido à ameaça de sabotagem contra instalações petrolíferas feita pela milícia xiita.

O clima de insegurança mundial também é usado por especuladores do mercado futuro de petróleo para obter ganhos com as fortes oscilações dos preços. Nesse jogo, qualquer notícia pode ser o pretexto do dia para embutir risco extra nos valores dos contratos negociados na bolsa.

Ontem houve um alerta de tempestade no Golfo do México, local que concentra boa parte da produção dos EUA. Na madrugada, houve explosões em dois hotéis em Istambul, na Turquia, onde a preocupação com a segurança aumentou desde novembro passado, quando caminhões-bomba mataram mais de 60 pessoas.

No dia 15 de setembro, a Opep (cartel dos países exportadores) se reúne, em Viena, na Áustria, para discutir um possível novo aumento de produção. Ontem o ministro de Energia e Minas da Venezuela, Rafael Ramírez, disse que não espera uma queda dos preços do petróleo, já que os conflitos no Oriente Médio continuam. A Venezuela é o quinto maior exportador de petróleo do mundo e o maior fornecedor do produto para os EUA.

Brasil

O Brasil acompanha a trajetória do barril para decidir se reajusta ou não os preços dos combustíveis. Na terça-feira (3) da semana passada, a Petrobras admitiu que só irá elevar os combustíveis se o petróleo se firmar entre os US$ 40 e US$ 45.

O último reajuste de combustíveis foi anunciado pela Petrobras no dia 14 de junho – três semanas depois de o presidente da estatal ter acenado pela primeira vez com a possibilidade de um aumento. Foi o primeiro aumento dos combustíveis no governo Lula. Nas refinarias, a gasolina subiu 10,8%, e o diesel, 10,6%.

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