As novas regras para o pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de carros usados não está agradando os proprietários de lojas de veículos. Os carros vendidos a partir de janeiro deste ano vão ter que estar com o IPVA quitado para ser transferido ao novo proprietário. O supervisor de vendas da Champagnat Veículos, Fabiano Casseb, afirma que a medida adotada pelo governo vai dificultar as negociações.
Fabiano conta que, anteriormente, o antigo dono começava a pagar o parcelamento do IPVA e o restante ficava para quem estava adquirindo o veículo. Agora, com a obrigatoriedade da quitação a vista, a loja onde Fabiano trabalha vai deixar a conta para quem está comprando o carro. ?Sabemos que vai ser complicado. A pessoa já juntou todas as economias para pagar o veículo e não dispõe de mais dinheiro. Mas é ele quem vai usar o carro em 2004?, comenta. Mesmo assim, o supervisor não acha que vai ter uma redução no volume de vendas. Por outro lado, sabe que vai ser mais complicado chegar a um acordo com os clientes. Ele aponta uma das soluções: ?A gente pode pagar o IPVA e acrescentar o valor ao financiamento?, argumenta.
Na Servopa a conta vai ficar com quem está vendendo o carro, porque a concessionária compra o veículo e já transfere para o nome da empresa. O gerente comercial, Ricardo Kennedy Brumkow, diz que a medida vai trazer um ônus desnecessário para os proprietários de veículos. ?O único que sai ganhando é o Detran, que vai receber tudo a vista?, avalia. Embora a medida gere problemas, Ricardo também acha que as vendas não vão ser prejudicadas. ?A solução pode estar na negociação entre a loja e os clientes?, observa.
Segundo o inspetor geral de arrecadação da Receita Estadual da Secretaria da Fazenda, Francisco de Assis Inocêncio, as novas regras foram aprovadas no fim do ano passado. Ela pretende diminuir o índice de inadimplência no Estado, que hoje é de 11%. O Paraná tem 1.998.000 veículos tributáveis. Sem a inadimplência, a arrecadação chegaria a R$ 498 milhões, mas os valores caem para R$ 460 milhões. Francisco diz que em alguns casos nem o comprador nem o vendedor assumiam a dívida, gerando ônus para o Estado. ?O Estado não quer atrapalhar a venda de carros. Estamos evitando também que as pessoas que compram veículos não tenham surpresas com débitos anteriores?, defende. Até o ano passado, a obrigatoriedade de quitação à vista para a transferência já valia para veículos que vinham de outros estados.
Francisco diz que até o fim do mês todos os paranaenses devem ter recebido o IPVA. Quem vai pagar à vista em fevereiro tem um desconto de 15%, quem deixar para março tem 5%. Outra opção é parcelar em até 5 vezes, o pagamento começa em março e vai até julho.
