Olhando para a taxa de desocupação, a tendência do mercado de trabalho é de aquecimento, tanto pelos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) quanto pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cuja primeira versão no formato contínuo foi divulgada nesta sexta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A avaliação é do economista Carlos Henrique Corseuil, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“O mercado de trabalho, pela taxa de desemprego, está em tendência de aquecimento”, disse Corseuil, em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Segundo o economista, a taxa mais elevada apontada pela Pnad Contínua, em relação à verificada na PME, já era esperada. Na divulgação anual da Pnad, a taxa de desemprego apurada sempre ficava acima do indicador apontado na PME de igual mês.
“A diferença é a interiorização. A Pnad abrange realidades diferentes, de cidades menores, cuja atividade econômica é menos dinâmica”, afirmou Corseuil, para quem a introdução da Pnad Contínua “muda para melhor” a qualidade dos dados sobre mercado de trabalho, ao trazer um retrato “mais amplo” e “representativo”.
As diferenças com a introdução de dados do interior são verificadas também nas desigualdades regionais. Ainda assim, as taxas de desemprego mais elevadas no Norte e no Nordeste, segundo Corseuil, também já eram esperadas: na PME, as regiões metropolitanas localizadas no Nordeste (Recife e Salvador) costumam ter desemprego mais elevado.