O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elevou de 4,6% para 5,2% sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. Se confirmado, será a maior taxa desde 1994, quando o avanço foi de 5,9%. A informação está na edição de dezembro do Boletim de Conjuntura que o instituto divulgou ontem. O Ipea reviu para cima as projeções do consumo das famílias (de 3,5% para 4,1%), de investimento (de 7,6% para 12,3%), da indústria (de 5,9% para 6,2%) e do setor de serviços (de 3,2% para 3,8%).
A projeção de inflação pelo IPCA se manteve praticamente estável, passando de 7,3% para 7,4%. O instituto reduziu sua estimativa para o câmbio médio do ano, de 2,97% para 2,93%.
O Ipea manteve previsão de crescimento de 3,8% para o PIB em 2005. A previsão é de que o saldo da balança comercial feche em US$ 33 bilhões este ano e recue para US$ 24,7 bilhões no ano que vem. Para a média do último trimestre, o Ipea prevê que a Selic fique em 17, 1%, recuando para 16% na média do último trimestre de 2005.
O instituto diz que o desafio é garantir a continuidade do crescimento com estabilidade no longo prazo e que são fundamentais neste contexto as reformas trabalhista, tributária e previdenciária. O bom desempenho da economia neste ano refletiu as escolhas de política econômica e o cenário internacional favorável. "Sua continuidade, portanto, dependerá da evolução destes fatores, e, neste sentido, o comportamento da economia internacional em 2005 aparece como a principal fonte de riscos", diz o boletim de número 67, referente a dezembro.
Os principais riscos relacionados ao cenário externo são os déficits em conta corrente e orçamentário dos EUA, a trajetória de crescimento da China e o preço do petróleo. No âmbito interno, o crescimento deve ser menor por conta do menor saldo comercial., relacionado à desaceleração do comércio mundial.
"Como a redução do crescimento da economia e comércio mundiais, as taxas de crescimento de exportações e importações devem desacelera, mas as exportações tendem a fazê-lo mais intensamente que as importações, pois estas têm acompanhado a recuperação da produção e da renda, sendo especialmente sensíveis ao aumento do investimento", afirma o texto.