A economia brasileira crescerá de 5,5% a 6,5% este ano e conseguirá manter a inflação próxima do centro da meta perseguido pelo Banco Central, de 4,5%. O prognóstico é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e foi divulgado hoje, em Brasília. Para as transações correntes, o instituto, que é ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, prevê um déficit que deve ficar entre US$ 55 bilhões e US$ 65 bilhões.
De acordo com as “Previsões Macroeconômicas para 2010”, elaborado pela Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, a economia brasileira deixou para trás o período de recessão técnica causada pelos impactos da crise financeira internacional e está dando “fortes indícios de que caminha para um novo ciclo de expansão”.
O documento ressalta que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, registrou crescimento de 2% na passagem do terceiro para o quarto trimestre de 2009 na série livre de influências sazonais.
“Este resultado, o terceiro avanço seguido nesta base de comparação, já coloca o PIB num patamar superior àquele atingido no terceiro trimestre de 2008, período imediatamente anterior ao agravamento da crise”, salientaram os autores do documento. Por conta dessa recuperação, a previsão do Ipea de crescimento econômico em 2010 leva em conta que quase metade desse porcentual já estaria garantida mesmo no caso de o PIB ficar estagnado no quarto trimestre do ano passado. Isso porque o “carry over” (efeito de carregamento) seria de 2,7%.
O resultado esperado pelo instituto para o PIB tem como base os mesmos fatores que impulsionaram a economia no ciclo anterior à crise. “O consumo das famílias continuará avançando de maneira significativa, sustentado pelo aumento do emprego, da renda e da expansão do crédito”, dizem os autores do estudo.
Inflação
Apesar da expectativa de forte crescimento da atividade, os técnicos do Ipea não acreditam em um descontrole da inflação. Para eles, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará entre 4% e 5% este ano. Eles apostam que o recuo da inflação no ano passado colaborará para que os preços administrados não subam tanto este ano. “No caso de serviços, que possuem uma correlação maior com o nível de demanda, a expectativa é de que apresentem um ritmo de crescimento similar ao do ano anterior”, escreveram.
Os técnicos explicam que a recomposição de preços depende principalmente de dois fatores: inflação passada e aumento do salário mínimo. “Enquanto a primeira desacelerou em relação a 2008, a concessão de um reajuste menor para o salário mínimo em 2010 (9,7% contra 12,1% em 2009) deve aumentar menos os custos de mão de obra este ano.”
Conta corrente
Já as previsões do Ipea para os resultados das contas do setor externo estão condicionadas a duas variáveis principais: crescimento da demanda interna e perspectiva de recuperação gradual da demanda mundial. Os técnicos do instituto acreditam que enquanto a retomada dos níveis de comércio exercerá um efeito positivo sobre as exportações brasileiras, o aumento do consumo e do investimento elevará a demanda por bens importados. “Com isso, o saldo da balança comercial sofrerá forte redução em relação ao resultado observado em 2009.”
O bom desempenho da atividade econômica em 2010 também está associado a uma expectativa de crescimento do déficit na conta serviços e rendas, segundo o Ipea – seja pelo aumento das despesas com viagens internacionais ou pelo aumento das remessas de lucros e dividendos ao exterior.