Ipea: fator externo barra melhora do crescimento

Índice divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) aponta que o crescimento do Brasil deixa a desejar quanto à melhoria na inserção do País no cenário global. O Índice de Qualidade do Desenvolvimento (IQD) de março deste ano atingiu 259,43 pontos e ficou dentro da classificação “instável”, em uma escala que vai de “ótima” a “péssima”. “A classificação de instabilidade significa que não há convergência entre os três fatores que compõem o índice: há crescimento da economia do País e distribuição de renda, mas não na inserção do Brasil no cenário externo”, disse o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.

O IQD tem por objetivo captar se o desenvolvimento brasileiro contempla os requisitos de crescimento econômico “com distribuição dos frutos do progresso” e se é sustentável. É composto por três subíndices – o de Qualidade do Crescimento, o de Qualidade da Inserção Externa e o de Qualidade do Bem-Estar – e utiliza dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre outros. Cada um dos subíndices mede aspectos específicos, entre econômicos, sociais e ambientais. A média na pontuação dos três resulta, então, no IQD.

Em março, o IQD apresentou elevação de 5,3% se comparado a fevereiro. Em relação a março do ano passado houve recuo de 13,4%. O IQD de março de 2011, porém, reverteu uma tendência de queda do indicador que era verificada desde março de 2010, por conta da crise financeira internacional. “A crise nos levou para uma instabilidade do nosso desenvolvimento. Antes tínhamos uma qualidade ‘boa’ de desenvolvimento, com convergência entre crescimento econômico, melhorias sociais e inserção externa”, afirmou Pochmann.

O subíndice de Qualidade do Crescimento caiu em março 19,80 pontos em relação ao mês anterior, para 245,34 pontos. O recuo na folha de pagamentos (-17%) foi o fator que mais influenciou negativamente o subíndice, que também foi afetado por um leve decréscimo do Índice de Confiança da Indústria (ICI). Em contrapartida houve elevação na produção de bens de consumo (7,1%) e na produção de bens de capital (11,6%).

O Índice de Qualidade do Bem-Estar apresentou uma queda de 18,52 pontos por conta do aumento de 1,6% no desemprego em março. Por outro lado, aumentou em 0,3% o número de famílias com rendimento superior a R$ 1.660 e em 0,6% o índice Gini – que mede o grau de distribuição da renda. Com a pontuação de 342,59, o Índice de Qualidade do Bem-Estar está incluído na faixa “boa” do IQD (que vai de 300 a 400 pontos).

Por último, o Índice de Qualidade da Inserção Externa mostrou recuperação em relação a fevereiro, alcançando os 209,45 pontos, o mesmo nível registrado em setembro de 2010. O subíndice foi puxado pelo aumento dessazonalizado de 1,6% da renda líquida enviada ao exterior e de 3,1% nas reservas internacionais. Além disso, houve alta na participação do investimento estrangeiro direto em relação ao investimento em carteira e melhora de 0,9% nos termos de troca.

O subíndice só não obteve resultados melhores por conta da queda da proporção de produtos manufaturados no total das exportações, de 3,7%. “Os 259,43 pontos registrados em março continuam distantes da área classificada como ‘ótima’, apesar de este índice ser maior que o apresentado entre março de 2007 e abril de 2008, período em que a crise começava a atingir os países ricos, mas ainda não havia alterado a trajetória dos países emergentes, como o Brasil”, afirma o Ipea no estudo.

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