O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgou nesta segunda-feira, 07, um comunicado sobre o mercado de trabalho a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicilio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Esatística (IBGE). De acordo com o estudo, atualmente, o gargalo para uma maior expansão no mercado de trabalho é a queda na taxa de participação da população em idade produtiva.

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A taxa se refere à relação entre a população inserida no mercado e o total da população em idade produtiva. O problema atinge, sobretudo, mulheres e jovens entre 15 e 24 anos que não estão no mercado ou em busca de uma ocupação. Entre 2009 e 2012, a taxa de participação entre as mulheres caiu 4,2%, contra 2,5% dos homens. Já entre os jovens nessa faixa etária, a queda foi de 5,9%.

“É surpreendente, pois acontece no momento de melhora no mercado, quando deveria ter maior atratividade”, explica Marcelo Néri, presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Segundo ele, em 2012, o mercado de trabalho cresceu 6,45%, ou “duas vezes mais rápido que em toda a década (3,08%), o que surpreende dado que o PIB cresceu apenas 0,9%”.

Para Gabriel Ulyssea, coordenador de pesquisas em trabalho e renda do instituto, a queda chama atenção pela intensidade em curto intervalo de tempo e “preocupa pois tira a possibilidade de aumento na oferta de mão de obra”. No caso das mulheres, a razão apontada é uma saída do mercado de trabalho pela decisão de ter e cuidar dos filhos. “Nesse sentido, a provisão de creches terá papel importante no futuro”, explica Ulyssea.

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Para os jovens, o pesquisador afirma que não há clareza sobre as causas do fenômeno. “É possível que esteja relacionado ao aumento de renda por outras vias que não o trabalho, isso inclui os programas sociais. Mas o fato de a queda ter sido mais intensa no Nordeste é um fator que demonstra a influência de ações sociais nesse tema.”

Pleno emprego

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Os pesquisadores foram enfáticos ao afirmar que, os dados divulgados pela Pnad referentes a 2012 não indicam uma fase de pleno emprego, como tem sido divulgado pelo governo. Conforme Néri, os primeiros sinais para o fenômeno aparecem em 2013, quando o mercado diminui o ritmo de abertura de novas vagas, mas a renda geral continua em tendência de alta.

“Em 2013, vemos uma brutal desaceleração do crescimento do mercado de trabalho, de 6% para 2,83%, até julho. Agora quase todo aumento de renda vem pelo efeito salário, e menos da quantidade de trabalho”, afirma. “Isso sinaliza o pleno emprego, mas só agora, pelo efeito salário.”

Entre as categorias que tiveram maior aumento de renda, segundo o estudo, estão agricultura, construção civil e serviços, onde estão incluídas as empregadas domésticas. O aumento de renda estaria associado a uma melhor escolarização, na visão de Néri. “É um bônus educacional, o trabalhador saiu de um nível muito baixo de qualificação para um menos baixo.”

A consequência do movimento seria um “apagão” de mão de obra de baixa qualificação. A avaliação é radicalmente contrária à ideia difundida entre empresários de que há escassez de mão de obra qualificada no País. “Entre as pessoas com baixa qualificação, o salário está aumentando, pela redução da oferta. É um processo retardado, o País começou a viver isso em 2001. Talvez seja um sinal de que o Brasil não está dando um salto tecnológico. O grande apagão é de gente pouco qualificada.”

Segundo Ulyssea, os dados do IBGE demonstram que há um aumento da oferta de trabalho para as categorias mais qualificadas. “O quantitativo dos trabalhadores qualificados vem aumentando acima dos não qualificados. Outro fator é a evolução da renda da mão de obra qualificada, que está em queda. Isso é coerente com o aumento da oferta de mão de obra. Essas duas características são incompatíveis com a ideia de escassez.”