Pela primeira vez o Banco Central trouxe as previsões do mercado financeiro para as diferentes variáveis econômicas do próximo ano. De acordo com o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 13, a inflação seguirá como um problema para a autoridade monetária neste e no próximo ano. Segundo o documento, a previsão é de uma taxa de 5,50% para 2015. Essa mediana está estacionada nesse patamar há 34 semanas consecutivas e agora deve passar a ganhar mais volatilidade com a divulgação semanal da Focus para o período.
No caso do IPCA de 2014, a mediana das estimativas passou de 5,97% da semana passada para 6,00% agora. As projeções estão crescendo, já que quatro semanas antes a mediana do levantamento estava em 5,95%. Ainda sobre o índice oficial de inflação, as previsões suavizadas à frente para o IPCA acumulado em 12 meses revelam que a mediana passou de 6,00% da pesquisa anterior para 5,99% na atual. Um mês antes estava em 6,03%.
Já entre os profissionais que mais acertam as previsões para a inflação no médio prazo, o grupo denominado pelo BC de Top 5, as previsões para o IPCA de 2014 apontam para uma taxa de 6,19%, no lugar da taxa de 5,90% da semana anterior (quatro semanas atrás estava em 5,75%). No caso de 2015, que aparece pela primeira vez agora, esse mesmo grupo apresenta a expectativa para a inflação oficial do ano que vem de 5,80% há cinco semanas seguidas.
Também passaram por ajustes as estimativas para o IPCA de curto prazo. Para janeiro, a previsão foi recalculada de 0,73% para 0,74%. Um mês antes estava em 0,72%. Já para fevereiro foi mantida a taxa de 0,64% na Focus de uma semana para outra. Quatro semanas atrás, no entanto, a expectativa era de uma variação de 0,63%.
Copom e Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) deverá elevar a Selic de 10% para 10,25% ao ano na reunião da próxima quarta-feira, conforme o relatório. Pelo levantamento, há 11 semanas os analistas já preveem essa mudança. Não houve alteração na Focus, portanto, depois que o IBGE divulgou na sexta-feira passada uma taxa para o IPCA de dezembro e do acumulado do ano (5,91%) acima das previsões do mercado.
Não é possível dizer se não houve tempo hábil para as alterações, já que o resultado da inflação foi divulgado na sexta-feira, ou se prevaleceu a percepção de alguns analistas de que o comunicado do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, passou um recado mais dovish sobre o comportamento dos preços. Ele afirmou, por meio de nota, que a inflação encerrou 2013 com uma resistência “ligeiramente” acima da que se antecipava.
Para fevereiro, o mercado também manteve a projeção de uma taxa em 10,50% ao ano, como já era aguardado há três semanas. Um mês atrás, a perspectiva era de manutenção do patamar de 10,25% ainda no segundo mês do ano. Para o final de 2014, a mediana das estimativas na Focus para a Selic seguiu em 10,50% ao ano pela sétima semana seguida.
No caso de 2015, que passou agora a ser divulgada pelo relatório, a projeção é de um juro em 11,50% ao final do ano. Na semana anterior, estava em 10,25%, mesmo nível visto um mês atrás. Com isso, a Selic média de 2014 foi mantida em 10,37% ao ano, ante taxa de 10,38% de um mês atrás. Já em relação a 2015, a Selic média subiu de 10,85% para 11,03% de uma semana para outra – estava em 10,89% quatro semanas atrás.
Projeção do PIB
O mercado financeiro aumentou sua projeção para o crescimento da atividade este ano, mas diminuiu as estimativas para 2015. De acordo com o relatório Focus de hoje, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter expansão de 1,99% este ano, ante perspectiva de avanço de 1,95% da semana passada. A variação, no entanto, ainda é menor do que a de 2,01% apontada pelo mesmo levantamento um mês antes.
No caso de 2015, as previsões foram alteradas para baixo, com a mediana passando de 2,50%, como estava também quatro semanas atrás, para 2,48% agora.
A Focus mostrou um descasamento entre as perspectivas para o crescimento do País e a atividade manufatureira. Isso porque, para 2014, a mediana das estimativas para a produção industrial não sofreu alteração e seguiu em 2,20% (estava em 2,31% quatro semanas antes). Já no caso de 2015, apresentou um avanço de 2,89% para 3,00%, ficando acima, inclusive, da taxa de 2,95% aguardada um mês atrás.