economia

IPCA em 12 meses tem trajetória clara de desaceleração, avalia IBGE

Apesar da aceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na passagem de setembro para outubro, de 0,08% para 0,26%, a trajetória da inflação em 12 meses é de desaceleração. O fenômeno tem ajudado tanto na trégua dos alimentos quanto no arrefecimento da demanda, segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Dá para chamar de uma trajetória clara de desaceleração, principalmente porque estamos vendo números bem mais moderados nos últimos meses do que foram nos meses equivalentes do ano anterior”, justificou Eulina.

Segundo ela, o cenário de pressão sobre preços mudou, assim como o patamar para a inflação acumulada em 12 meses. “O contexto é outro, ainda mais quando a gente está vendo alimentos em queda e praticamente todos os reajustes de administrados já foram. Não tem pressão forte prevista de preços administrados”, lembrou a coordenadora.

No entanto, Eulina lembra que, embora o ritmo de aumento de preços tenha arrefecido, as famílias continuam pagando mais caro pela cesta básica de produtos. O aumento acumulado apenas para a alimentação no domicílio nos 12 meses encerrados em outubro foi de 14,85%. “A cesta continua mais cara. Ou seja, houve quase 15% de aumento só na cozinha”, acrescentou.

Serviços

A inflação de serviços acelerou na passagem de setembro para outubro, de 0,33% para 0,47%, dentro do IPCA. No entanto, a taxa acumulada em 12 meses recuou de 7,04% para 6,88%, o menor patamar desde o início da série histórica apurada pelo IBGE, em 2012 .

“Quando a gente olha em 12 meses, a gente vê que os serviços estão perdendo a resistência”, apontou Eulina.

Em outubro, a aceleração foi pressionada pelo aumento dos gastos com alimentação fora de casa (0,75%) e passagens aéreas (10,06%). “Mas as passagens aéreas variam muito mês a mês, são voláteis”, observou Eulina.

No caso dos preços de bens e serviços monitorados também houve aceleração: a inflação de administrados saiu de 0,37% em setembro para 0,54% em outubro. Houve pressão da taxa de água e esgoto (0,74%) e da gasolina (1,22%). Mas a taxa em 12 meses também diminuiu, de 7,90% para 7,00% no mesmo período.

“Nos 12 meses, quando a gente olha para os monitorados a taxa também está lá convergindo para os 7%”, ressaltou a pesquisadora.

Embora o resultado geral do IPCA tenha ficado em 0,26% em outubro, aquém tanto da inflação de serviços quanto de monitorados, a taxa em 12 meses está maior, aos 7,87%.

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